Título: Demanda de madeira na China ameaça florestas
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2005, Vida&, p. A19

GENEBRA - A crescente demanda da China por madeira está pondo em risco várias florestas, incluindo brasileiras e, se o país não mudar sua política ambiental, as conseqüências serão sentidas em várias regiões. Essa é a conclusão de estudo da World Wild Fund (WWF). A organização ambiental ainda alerta que a China está se tornando o principal destino de madeiras extraídas de forma ilegal das principais florestas do planeta. Atualmente, um americano consome um volume de madeira por ano 17 vezes maior que um chinês. Mas, se o crescimento da demanda continuar, a China deverá se tornar o principal destino de madeiras do mundo na próxima década. Hoje, a China consome por ano 138 milhões de metros cúbicos de madeira. Em 2010, deve chegar a 239 milhões de m3.

O governo chinês, preocupado com a perda de cobertura vegetal no país diante da demanda por madeira, aprovou uma lei no fim dos anos 90 banindo a extração em várias regiões. Assim, enquanto o mercado de madeira explodiu nos últimos anos, a China conseguiu aumentar em 17,5% sua área coberta por florestas.

O fornecimento acabou vindo do exterior e a estimativa é de que, em 2010, a produção nacional não dê conta nem de 50% do mercado interno. A China já compra do exterior 94 milhões de m3 de madeira por ano, volume 300% maior do que o de 1994. Só em toras as importações passaram de 3,2 milhões de m3 em 1994 para 25,5 milhões em 2003.

Mais da metade da importação chinesa vem da Rússia, Malásia e Indonésia. O Brasil está na 13.ª posição. Mas no caso da polpa do produto o País é um dos principais exportadores - em 2003, mandou para lá 2,3 milhões de m3 do produto, volume superado só pelos EUA.

Segundo a WWF, a tendência é de que o Brasil ganhe amplo espaço nos próximos anos. Isso porque a demanda na China pela polpa da madeira passará dos atuais 12,8 milhões de m3 para 29 milhões em 2015. Para a WWF, essa demanda fará que as demais florestas no mundo sofram ação depredatória. Para evitar que isso ocorra, pede que os chineses desenvolvam métodos mais eficientes do uso da madeira e importem só de regiões onde ela seja produzida de forma sustentável.