Título: Vendas da Gol crescem mais de 100%
Autor: Mariana BarbosaMárcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2005, Economia, p. B3

Com redução de 56% nas tarifas, movimento da empresa aérea saltou da média de 28 mil para 61 mil passagens por dia A redução de até 56% nas tarifas, por tempo indeterminado, anunciada pela Gol na segunda-feira mais do que dobrou as vendas de passagens no site da companhia. A empresa saltou de uma média diária de vendas de 28 mil bilhetes para 61 mil na segunda. Na terça, as vendas chegaram a 81 mil. Varig e TAM também registraram aumento de vendas, mas em escala bem menor, uma vez que lançaram promoções limitadas ao período da Páscoa. Mas, se agora até o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, aplaude a temporada de descontos, no ano passado, uma promoção da Gol, com passagens a R$ 50, provocou reação do Departamento de Aviação Civil (DAC), órgão regulador do setor, que suspendeu os descontos sob suspeita de dumping. Na época, o DAC baixou portaria obrigando as empresas a submeterem qualquer nova promoção ao órgão antes de divulgá-la ao público.

A temporada de descontos, que está virando tradição, é uma forma de as empresas reverterem a queda na demanda provocada pelo fim das férias de verão. A Gol, que transporta menos passageiros executivos que a TAM e a Varig e, portanto, sofre mais que as concorrentes com o fim das férias de verão, é sempre a primeira a lançar promoções.

Este ano, porém, a Gol não pode ser acusada de promover dumping, uma vez que anunciou um realinhamento de sua estrutura tarifária, por tempo indeterminado. O realinhamento ampliou a distância entre as tarifas mais altas e mais baixas de um mesmo vôo.

Já a Varig fez uma promoção de Páscoa, com descontos de até 70% sobre o preço da tarifa mais alta, para passagens de ida, com embarque nos dias 25 e 26 de março. A TAM entrou ontem na disputa com uma promoção na qual o passageiro compra a ida e leva a volta de graça. Válida do dia 22 ao 29, a promoção, assim como a da Varig, está restrita a alguns assentos por vôo.

No fim da tarde de ontem, as filas para embarque e venda de passagens nos balcões da Gol em Congonhas ultrapassavam a porta de entrada do aeroporto. Já no embarque das empresas concorrentes, que anunciaram promoções específicas para a Páscoa, o movimento era bem menor. Na TAM, o volume de passageiros ontem era tido como normal para o horário, segundo uma atendente. No caso da Varig, praticamente não havia filas para embarque.

A empresária Renata Nabhan, 23 anos, dona de confecção em Cianorte (PR), comemorava ontem a guerra tarifária. "Eu vinha de ônibus, mas, por conta da redução de preços, peguei um vôo."

Normalmente, Renata enfrenta 8 horas de estrada para fazer negócios em São Paulo e desembolsa, pela viagem, R$ 115. Com a redução de tarifa, desembolsou R$ 184, em seis vezes sem juros, no cartão de crédito, pela passagem da Gol. "Comprei pelo telefone."

O empresário Walmir Petta, de 43 anos, de São Caetano do Sul (SP), diz que até ontem só viajava pela Varig e TAM. Decidiu, no entanto optar pela Gol por causa do preço da passagem.

Pela Varig, a viagem de ida e volta de São Paulo a Maringá (PR), custaria R$ 750, sem taxas. Pela Gol, Petta gastou R$ 416. "Foi a minha agente de viagem que fez a reserva."

A redução de preços da Gol mexeu com a concorrência. A arquiteta Ana Lúcia Orsi, de 47 anos, que ontem retornava para Campo Grande (MS), conseguiu uma passagem da TAM por R$ 220, em três vezes, no cartão de crédito. Ela observou que o preço, R$ 300, é menor que o da Gol, mesmo depois da redução tarifária. A tarifa normal desse trajeto pela TAM é R$ 400, segundo a arquiteta. "Achei ótimo essa guerra de preços porque venho a cada dois meses a São Paulo."