Título: Há quase dez anos, tentativa de acabar com os traficantes
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2005, Metrópole, p. C1

Na Cracolândia até o tráfico está decadente. No mundo das drogas no centro, perdeu importância para a Baixada do Glicério. Não se sabe se isso tem relação com quase uma década de blitze policiais. Em 1997, foram 300 homens do Comando de Policiamento de Choque. Um ano depois, 330 PMs voltavam com 80 policiais do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), bombeiros, fiscais do Departamento de Controle do Uso de Imóveis (Contru) e integrantes da Vara Central da Infância e Adolescência e SOS Criança. Era 9 de janeiro de 1998. Essa multidão encheu as ruas da Cracolândia atrás de moradores de rua, fumantes de crack e criminosos em geral. Em 24 horas de operação, 2.400 pessoas foram abordadas e 144 bares, restaurantes e hotéis, revistados. Foram 15 presos em flagrante, 5 foragidos da Justiça recapturados e 35 garotos mandados para o SOS Criança.

O aparato policial era muito maior que o de ontem e a ação durou uma semana. Em 1997, foi um dia com 261 levados ao 3.º Distrito Policial. Nada adiantou. Em 2001, a área continuava usada por traficantes. O Denarc fez uma megablitz em 16 hotéis. Apreendeu apenas 250 gramas de cocaína. Naquele ano, policiais civis foram flagrados extorquindo dinheiro de criminosos na Cracolândia. Pouco depois, o Denarc fazia outra operação. Desde então, perdeu para o Glicério. Tanto que o PCC não se interessou em dominar a Cracolândia. Foi para o Glicério.