Título: BNDES libera R$ 3,79 bi em janeiro
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2005, Economia e Negócios, p. B1

RIO - O primeiro mês de 2005 marcou a volta dos grandes projetos industriais ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ontem, o banco divulgou um crescimento de 69% nos desembolsos em janeiro ante igual mês de 2004. O aumento foi puxado especialmente por projetos nas áreas de infra-estrutura (186% a mais do que janeiro do ano passado) e indústria (89%). A indústria tem sido o grande diferencial no desempenho do banco. Dos R$ 3,791 bilhões liberados em janeiro, 56%, ou R$ 2,11 bilhões, foram destinados ao setor, que no ano passado teve demanda muito fraca e foi um dos principais responsáveis pelo não cumprimento do orçamento. Enquanto todos os outros setores elevaram o montante de financiamento no banco, a indústria reduziu. Este ano, ao que parece, a curva deve ser revertida. "O clima é de retorno dos grandes projetos", comemorou o superintendente de Planejamento da instituição, Aluysio Asti. Em sua avaliação, a retomada crescente da confiança dos empresários na economia do País, que começou a ocorrer a partir do segundo semestre de 2004, agora já se reflete nos números do BNDES Asti afirmou ainda que os dados de janeiro indicam não haver dificuldades para cumprir o orçamento, que este ano é de R$ 60 bilhões. Em 2004, 15% dos recursos de R$ 47,3 bilhões à disposição das empresas sobraram no caixa do banco. Segundo ele, a "sobra" de R$ 7,3 bilhões deveu-se à baixa procura por financiamentos para grandes projetos. "O crescimento está convergindo para o cumprimento do orçamento. O ano está começando em outro patamar (de crescimento) e indica que as expectativas do banco poderão ser cumpridas", disse o superintendente. Segundo ele, a expectativa é que a indústria e a infra-estrutura liderem o crescimento de desembolsos em 2005, como já ocorreu em janeiro. Segundo Asti, "o crescimento mais vigoroso deve mesmo ser da indústria, porque os grandes projetos industriais começam a aparecer, especialmente em setores de insumos básicos, como celulose e siderurgia". Ele disse que esses projetos começam a chegar formalmente ao banco ou a se anunciar por empresas que procuram a instituição, informando que levarão propostas para análise. Asti não quis comentar sobre a alta da taxa Selic e a estabilidade da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), usada como referência para os empréstimos concedidos pelo banco e cuja queda é uma reivindicação da direção do BNDES. Fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a TJLP costumava acompanhar a trajetória da Selic, mas se descolou da taxa básica na série de aumentos definidos pelo Comitê de Política Monetária (Copom) desde setembro de 2003. Ainda não há consenso sobre o que pode ocorrer com a TJLP. A direção do BNDES alega que uma redução contribuiria para atrair novos projetos. EXPANSÃO Do total de desembolsos do BNDES, o setor de infra-estrutura ficou na segunda posição, com 27% (R$ 1,011 bilhão). Depois vem o setor de agropecuária, que recebeu 13% dos desembolsos em janeiro (R$ 499 milhões), seguido pelo setor de comércio e serviços, com 4% (R$ 159 milhões). Porém, houve queda de 60% na apresentação de cartas-consulta para financiamento em janeiro, ante igual mês em 2004. As cartas-consulta, que funcionam como um termômetro da intenção do empresariado em investir, totalizaram R$ 3,572 bilhões em janeiro. Segundo Asti, esse é um comportamento sazonal, não constitui uma tendência e deverá se reverter nos próximos meses. Crescimento de 69% em relação ao mesmo mês do ano passado foi puxado por projetos industriais, que receberam 56% dos recursos