Título: Petrobrás quer exportar 8 bilhões de litros de álcool
Autor: Kelly Lima
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2005, Economia e Negócios, p. B5

Para levar o projeto adiante, estatal investirá US$ 330 milhões na infra-estrutura, incluindo a construção de dutos para transportar o combustível até o porto

RIO - A Petrobrás vai investir US$ 330 milhões em infra-estrutura para poder exportar 8 bilhões de litros de álcool por ano a partir de 2010. Apesar de a maior parte da produção do combustível estar situada em São Paulo e outra parte no Paraná e em Mato Grosso, o produto deixará o Brasil pelo porto do Rio de Janeiro, devido à saturação do Porto de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. O esgotamento da capacidade do Porto de São Sebastião se deve ao aumento da descarga do óleo produzido pela Petrobrás na Bacia de Campos, que chega lá por meio de navios petroleiros para ser enviado por dutos para a Refinaria de Paulínia (SP).

No ano passado, a Petrobrás teve vetado pelo governo do Rio seu projeto de escoamento de óleo da Bacia de Campos para Paulínia por meio de um oleoduto gigante.

Com esta operação, o Rio deverá sair ganhando duas vezes, porque não terá o oleoduto, que traria fortes impactos ambientais, e ainda aumentará o volume de carga em seu porto, fazendo crescer conseqüentemente sua arrecadação.

Em contrapartida, o Estado de São Paulo, responsável por 70% de toda a produção de álcool do País, deixa de ganhar com o aumento do volume de exportações no Porto de São Sebastião.

Ontem a Transpetro, a BR Distribuidora e a Secretaria dos Transportes do Estado de São Paulo assinaram convênio para a realização de estudos logísticos para desenvolver o sistema de escoamento do álcool a ser exportado.

A idéia inicial prevê a construção de quatro dutos, ligando as regiões produtoras à Replan, além da compra de barcaças para transportar o combustível de Mato Grosso e do Paraná por meio da hidrovia Tietê-Paraná.

"Temos notícias de que pelo menos 30 usinas de cana-de-açúcar estão sendo construídas no Centro-Oeste visando à exportação de álcool. Isso com certeza vai passar por São Paulo e, se não for por meio rodoviário, o produto terá um preço melhor", explicou o secretário de Transportes do Estado de São Paulo, Dario Rais Lopes. Ele acredita que o sistema também vai atender à exportação de açúcar e até mesmo da soja produzida naquela região.

O primeiro duto a ser construído, que vai consumir US$ 150 milhões, vai ligar Conchas (SP) à refinaria de Paulínia (SP) para o transporte do álcool e de derivados de petróleo. Também serão construídos "álcooldutos" de Sertãozinho, região produtora, a Paulínia, de Paulínia a Taubaté e de Guararema ao Rio.

Sérgio Machado, presidente da Transpetro, afirmou que o prazo para a conclusão dos estudos de utilização da hidrovia do Rio Tietê é de dois anos, mas antes disso alguns projetos poderão ser iniciados.

O presidente da BR Distribuidora, Rodolfo Landim, explicou que o projeto também vai beneficiar a distribuição dos derivados de petróleo na região de São Paulo, maior consumidora, além de levar combustíveis para a região Centro-Oeste.