Título: Briga no País é por mercado de R$ 1 bi
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2005, Economia e Negócios, p. B6

CONCORRÊNCIA: Na questão do uso de software livre por governos está em jogo, somente no Brasil, um mercado de R$ 1 bilhão, de acordo com a empresa de pesquisa IDC. Este é o montante gasto no ano passado em programas de computador pelo poder público, incluindo administração direta e estatais como a Petrobrás e o Banco do Brasil. Se descontássemos as empresas sob o controle do Estado, o valor ainda ficaria em R$ 330 milhões. A Microsoft Brasil sempre divulgou o faturamento no País. Curiosamente, no último ano fiscal, encerrado em junho de 2004, deixou de publicá-lo. A empresa cita regras mais rígidas de Wall Street como o motivo da mudança. De qualquer forma, não é possível medir o impacto do governo Lula, com sua defesa do software livre, nos negócios da empresa, que registrou receitas de R$ 925 milhões no ano fiscal anterior. De acordo com a gigante do software, somente 6% de seu faturamento no Brasil tem origem no poder público. O número, porém, diz respeito somente à administração direta e não inclui grandes estatais e as escolas públicas. Em um ano, 15 órgãos federais economizaram R$ 28,5 milhões em licenças, ao optar pelo software livre. O software livre pode ser copiado e modificado livremente, sem exigir pagamento. Depois de ter partido para o confronto no ano passado com o governo brasileiro, a Microsoft parece ter mudado de estratégia. A empresa chegou a contestar na Justiça o sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira, diretor-presidente do Instituto Nacional da Tecnologia da Informação (ITI), da Casa Civil, com algum prejuízo para a sua imagem. Agora, o discurso é de conciliação. Três vice-presidentes mundiais da empresa visitaram o País esta semana. Ontem, um deles, Brad Smith, assinou um convênio com o governo do Estado de São Paulo para treinar 1.190 professores das Escolas Técnicas Estaduais e Faculdades de Tecnologia (Fatecs).