Título: BB reduz taxas do crédito consignado
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2005, Economia, p. B3

BRASÍLIA-O Banco do Brasil (BB) reduziu ontem os juros para empréstimos consignados, cujas parcelas são descontadas em folha de pagamento. A partir de maio, os não correntistas que trabalham em empresas conveniadas com o banco também poderão pleitear esse tipo de crédito. Por meio de convênio com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), as taxas caíram para 1,5% a 2,4% ao mês. Antes, variavam de 1,75% a 2,60% para trabalhadores sindicalizados e de 2% a 3,3% para os demais. Os prazos de pagamento continuam de 2 meses a 36 meses.

O plano da instituição, a primeira a reduzir os juros, é elevar de 13% para 20% a sua participação no crédito consignado este ano. O banco espera que as operações de empréstimo consignado cheguem a R$ 3 bilhões até o fim do ano, incluindo trabalhadores e aposentados. Hoje, essas operações somam R$ 1,8 bilhão.

Segundo o vice-presidente de Varejo e Distribuição do BB, Edson Monteiro, a inadimplência nessa linha de crédito é de 0,2%. A média dos financiamentos é de R$ 2,7 mil e o prazo médio, de 32 meses. O empréstimo consignado para aposentados e pensionistas, iniciado este mês, atingiu 38 mil operações em sete dias úteis.

O presidente do banco, Rossano Maranhão, afirmou que as taxas "são agressivas e competitivas" e devem elevar a base de tomadores de empréstimo da instituição. "A taxa é calculada de acordo com o perfil do risco e o tamanho da carteira que quero ter; há uma estratégia muito clara nessa redução", explicou Maranhão.

Ele classificou de "absurdas" as taxas cobradas por alguns bancos, que chegam a 7% ao mês. Também afirmou que algumas instituições preferem trabalhar com juros mais altos e comprar carteiras de outros bancos, política que o BB não pratica.

O presidente da CUT, Luiz Marinho, disse que o convênio com o BB é um "pontapé inicial" e pretende negociá-lo com outras instituições. "Os bancos que têm capacidade de competir terão de ir atrás. Ainda dá para reduzir mais os juros do empréstimo com desconto em folha." Indagado se a queda dos juros não ia na contramão da política monetária do BC, Marinho foi duro: "Eu quero aumentar o crédito, quero que o Banco Central se lixe. Por mim, mudava toda a diretoria do BC".