Título: Fundos querem indenização
Autor: Mônica Ciarelli
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2005, Economia, p. B4
Acusação é de uso indevido de investimento pelo Opportunity RIO-Os fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobrás) e Funcef (Caixa Econômica Federal) começaram a elaborar os termos de uma ação conjunta pedindo na Justiça indenização do Banco Opportunity por má gestão do poder fiduciário. Traduzindo, significa que eles acusam o banco de usar indevidamente o dinheiro que eles, investidores, aplicaram em negócios geridos pelo Opportunity. Entre as irregularidades listadas está a criação do consórcio Voa, formado pelo Opportunity (1%), Telemig (29%) e Brasil Telecom (70%). As duas operadoras de telefonia integram o grupo de seis empresas geridas pelo CVC Opportunity, que tem os fundos como cotistas. O consórcio adquiriu em 2000, por cerca de R$ 40 milhões, quatro jatos executivos, pelos quais pagava também o custo anual de manutenção.
"O consórcio de aviões foi feito sem prestação de contas", acusa Sérgio Rosa. presidente da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, dizendo que ainda não há um cálculo preciso sobre o valor que será pedido como indenização. Ele diz também que serão questionadas cobranças indevidas de taxas de administração pelo Opportunity durante a gestão. "Estamos analisando como ele (Dantas) geriu as empresas, como contratou serviços."
Outras ações contra o Opportunity já tramitam na Justiça. Uma delas, movida no ano passado pelo Ministério Público, pede indenização por prejuízo de R$ 300 milhões aos fundos de pensão e ao BNDESPar, empresa de participações do BNDES. Esta nova ação em estudo pelos fundos, porém, pretende reunir num mesmo processo várias acusações de irregularidades e seguir o mesmo modelo adotado na ação que o Citigroup apresentou à Justiça de Nova York. Os fundos também suspeitam da utilização irregular de recursos para pagamento de advogados do Opportunity, mas ainda não há provas.
O presidente da Funcef, Guilherme Lacerda, acredita que não será difícil consumar a saída do Opportunity da gestão dos negócios dos fundos. "Agora serão somente particularidades jurídicas. Esta foi uma gestão que nasceu errada, mas hoje o tempo é o outro, não é o da origem deste problema."
Os fundos de pensão já estão interpelando judicialmente um acordo de acionistas feito pelo Opportunity após a destituição do banco do Fundo CVC nacional, em 2003. "Ele (Dantas) fez um contrato tipo 'Zé com Zé', beneficiando somente o Opportunity e tirando dos fundos o direito de voto (nas decisões empresariais)", acusou. Na operação, Dantas teria assinado pelo Opportunity e também pelos três fundos de pensão, na qualidade de gestor dos recursos.