Título: PF investiga vínculo de sindicato com milícia armada
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2005, Nacional, p. A9

CURITIBA-O presidente do Sindicato Rural de Ponta Grossa, 120 quilômetros de Curitiba, Marcos Degraf, teria admitido ontem, em um segundo depoimento à Polícia Federal, na capital paranaense, que a sede da entidade foi usada para reuniões em que os fazendeiros discutiram contratação de seguranças particulares. A informação foi dada por policiais federais. Num primeiro depoimento e na chegada ontem à sede da PF ele negou. "O sindicato não pagou nada, o sindicato não tem nada a ver com isso", havia ressaltado. A PF ouviu ontem alguns fazendeiros acusados de pagar para que o tenente-coronel da Polícia Militar Waldir Copetti Neves contratasse seguranças. O tenente-coronel foi preso na Operação Março Branco, no último dia 5, juntamente com outras sete pessoas - quatro policiais da reserva, um ex-policial e duas pessoas que a PF diz estarem infiltradas no Movimento dos Sem-Terra para passar informações.

Além da acusação de formação de quadrilha e milícia armada, Neves está indiciado por tráfico de armas.

Dois dos fazendeiros admitiram que pagavam Neves para ter a propriedade protegida, mas disseram desconhecer que ele formasse milícia armada. A secretária do Sindicato Rural de Ponta Grossa também foi ouvida pela PF. Segundo seu advogado, Amauri Constantino, é possível que ela tenha repassado dinheiro dado por fazendeiros à quadrilha sem que soubesse. "Como ela é recepcionista do sindicato, muitas vezes os produtores deixavam envelopes e outros bens para serem apanhados por outras pessoas. Se numa dessas ocasiões se tratava de pagamento, ela desconhece", afirmou. A PF vai pedir a quebra de sigilo bancário de Neves e do ex-policial José Valdomiro Maciel na tentativa de provar que o dinheiro pago por fazendeiros chegava a eles.