Título: Protesto fecha principal acesso ao aeroporto de Salvador
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2005, Nacional, p. A9

Trabalhadores rurais, sindicalistas e representantes de assentados ainda mantêm ocupação na sede do Incra SALVADOR-Centenas de trabalhadores rurais, sindicalistas e representantes de associações de assentados fecharam na manhã de ontem a Avenida Paralela, principal ligação entre o Aeroporto Internacional Deputado Luis Eduardo Magalhães e o centro da cidade. O ato, organizado por integrantes do grupo que ocupa desde segunda-feira a superintendência regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), provocou um grande engarrafamento. O bloqueio foi até o início da tarde, quando os manifestantes voltaram, em passeata, para a sede do Incra. Liderados pelo Movimento dos Trabalhadores Assentados da Bahia, os 2,6 mil invasores querem a presença em Salvador de vários ministros e diretores de órgãos públicos para cobrar assistência técnica nos assentamentos, casas populares e reforma agrária. Na noite de anteontem, um dos "convocados", o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, propôs receber uma comissão dos trabalhadores em Brasília, mas primeiro exige a desocupação do prédio do Incra.

Um dos coordenadores da ocupação, Bartolomeu Guedes desconfiou da proposta. "Isso sempre foi usado e, quando a gente sai, acaba tendo prejuízo, pois os trabalhadores não são atendidos", afirmou. O líder indicou, ainda, que os manifestantes pretendem continuar ocupando o Incra e a Usina do Funil, em Ubatã, sul da Bahia.

O mais pressionado com a invasão é o superintendente regional do Incra, Maurício Gallo, acostumado a receber integrantes do MST para negociar. Como o órgão foi ocupado por 15 entidades que congregam vários segmentos de excluídos, ele não sabe o que fazer. "Nós não temos como tratar, por exemplo, com o Movimento dos Sem-Teto, o de pescadores ou o de moradores de alguns bairros de Salvador. São assuntos que devem ser tratados com as autoridades específicas."

Cerca de 600 agricultores do Movimento dos Trabalhadores Assentados e Acampados do Sul da Bahia permanecem na área da Usina do Funil. Agora, porém, estão sob a vigilância da Polícia Federal, que foi chamada pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), que administra o equipamento e já pediu um mandado de reintegração de posse.