Título: PF desmonta esquema que lavava R$ 10 mi por mês
Autor: José Francisco Pacóla
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2005, Nacional, p. A11

A Polícia Federal deflagrou ontem a Operação Caça Raposa - 50 agentes e delegados fecharam casas de câmbio em São Paulo e Serra Negra e apreenderam "grande quantidade de dinheiro", computadores e documentos que apontam para suposto esquema de lavagem de dinheiro, contrabando e evasão de divisas que movimentava por mês R$ 10 milhões. Duas pessoas foram presas em flagrante, acusadas de operação ilegal de câmbio. A Caça Raposa foi desencadeada com o Ministério Público Estadual. A PF suspeita que, sob a fachada de agências de turismo, casas de câmbio captavam recursos de empresários que remetiam ou repatriavam valores de paraísos fiscais. O ex-prefeito de Serra Negra Elias Antonio Jorge Nunes, não localizado para falar do caso, é um dos suspeitos. Segundo a PF, a E.J. Empreendimentos, da qual Elias é sócio, se beneficiou de transações ilícitas.

"Algumas empresas fantasmas de Serra Negra abriam contas para empresas de São Paulo, que recebiam dinheiro do exterior", informou o delegado Ricardo Saad, da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da PF. Os promotores Michel Romano e Gustavo Chaim Pozzebon, de Serra Negra, identificaram movimentações milionárias de pequenas empresas em contas na Caixa Econômica Federal, no Banco do Brasil e no Bradesco. O MP obteve autorização para fazer escuta telefônica dos suspeitos e quebrar seu sigilo bancário.

A Justiça bloqueou R$ 1 milhão das empresas nas agências de Serra Negra da Caixa, BB e HSBC. O gerente da Caixa Miguel Pio Santos é suspeito de participar da operação, pela grande movimentação de pequenas empresas em sua agência e por tentar beneficiar a E. J. em R$ 340 mil. Procurado por oficial de Justiça que iria bloquear conta da E.J., ele o fez esperar e, enquanto isso, transferiu grande parte do saldo para outra conta, sem saber que era monitorado online.

As investigações da PF apontam para a Banrec Serviços, na capital, que seria responsável por transferências de altas somas para contas de três empresas de Serra Negra: E.J., Silane e Doce Vida ME, que pertence a José Roberto Balaio, apontado como testa-de-ferro de Elias Jorge.