Título: DF adere à onda de cargos temporários e de confiança
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2005, Nacional, p. A12

BRASÍLIA-Os números do IBGE referentes ao governo do Distrito Federal, que não é município, mas foi incluído na pesquisa por tratar-se de capital, retratam a multiplicação do número de servidores contratados para cargos de confiança ou temporariamente para funções típicas de carreiras públicas, como professores e técnicos da área de saúde. De 1999 a 2002, o número de contratados sob a rubrica "Outras formas de contratação" pulou de 3.351 para 12.402 no DF - um avanço de 270%, acima da média de 69% no conjunto dos municípios brasileiros. No caso da União e dos Estados, não há estatística oficial do IBGE, mas dados dispersos indicam a mesma tendência de fugir da tradicional contratação no serviço público, que é pelo chamado Estatuto do Servidor Público - daí a expressão "estatutário" para funcionários com estabilidade e regime especial de aposentadoria.

No DF, o crescimento de servidores contratados de "outras formas" se deve a contratações que teriam de ser temporárias (4.960) e a nomeações para cargos de confiança (6.332). De acordo com o Tribunal de Contas do DF, cerca de 63% da força de trabalho das administrações regionais são exercidas hoje por indicados políticos. Além disso, alerta o tribunal, milhares de outros "servidores" estão sendo contratados sem registro nas estatísticas oficiais.

É o caso do Instituto Candango da Solidariedade (ICS), um tipo de ONG que o governador Joaquim Roriz (PMDB) usa para triangular serviços sem licitação. Em 2003, por exemplo, 3.362 prestadores de serviço do ICS trabalharam nas administrações regionais, ou 73,4% da força de trabalho dessas unidades.