Título: China acusa Japão de provocação séria
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Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2005, internacional, p. A13

Pequim diz que pode 'tomar medidas' ante a decisão de Tóquio de explorar gás em área oceânica disputada pelos dois países

A China qualificou de "provocação séria" ontem a decisão do Japão de estudar pedidos para permitir que companhias japonesas explorem gás natural em uma área disputada no Mar do Leste da China (ver mapa abaixo), em meio a uma crise que pode prejudicar as intenções de Tóquio de obter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. O primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, negou que a decisão tenha algo a ver com a hostilidade entre Tóquio e Pequim por causa das agressões cometidas pelo Japão durante a 2.ª Guerra.

Mas o porta-voz da chancelaria chinesa, Qin Gang, ao chamar a decisão de provocação séria, disse que Pequim apresentou um protesto a Tóquio e tem o direito de adotar outras medidas, informou a agência oficial Nova China.

As tensões entre China e Japão aumentaram no fim de semana quando dezenas de milhares de chineses saíram às ruas em três cidades do país para protestar contra o Japão - principalmente contra a reedição de um livro de história que omite os crimes cometidos por soldados japoneses durante a 2.ª Guerra e contra a intenção de Tóquio de obter uma cadeira permanente no CS da ONU.

O chanceler japonês, Nobutaka Machimura, que viajará domingo a Pequim, disse ontem que pretende propor à China um estudo conjunto das interpretações das histórias dos dois países. O objetivo é superar as diferenças sobre questões históricas (ler ao lado).

Na semana passada, o governo chinês já havia advertido o Japão contra explorações de gás no Mar do Leste da China.

Já o Japão há mais de um ano acusa a China de intrometer-se em sua zona econômica exclusiva para explorar campos de gás e pediu a Pequim que compartilhe os dados obtidos. Em agosto de 2003, a China iniciou obras de perfuração numa área ao longo de vários quilômetros a oeste de uma linha reivindicada pelo Japão como a fronteira de suas águas territoriais, cerca de 450 a oeste de Okinawa.

A China, que confirmou a existência de reservas de gás em 1995, não reconhece essa linha de demarcação. As reservas de gás da área foram calculadas em 200 bilhões de metros cúbicos em 1999. Japão e China estão entre os maiores importadores mundiais de hidrocarbonetos, indispensáveis para alimentar seu crescimento econômico