Título: Capataz tenta livrar Bida do assassinato de Dorothy
Autor: Leonêncio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2005, Nacional, p. A12

ALTAMIRA - O capataz Amair Feijoli da Cunha, o Tato, acusado de intermediar a contratação dos executores da missionária Dorothy Stang, morta em 12 de fevereiro em Anapu, vai assumir sozinho na Justiça a autoria do crime, informaram policiais civis que atuam no caso. A nova versão da defesa do preso inocenta o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, indiciado como mandante do crime. Em depoimento à Polícia Civil em Altamira em 19 de fevereiro, Tato negou participação no crime. Disse que conhecia Bida, mas que o fazendeiro não estava envolvido. As polícias Civil e Federal, porém, enviaram ao Ministério Público Estadual inquéritos separados pedindo indiciamento de Tato, Bida e dois executores do crime - Rayfran Sales, Fogoió, e Clodoaldo Batista, Eduardo - por homicídio duplamente qualificado.

Bida continua foragido. Já Tato, Rayfran e Clodoaldo estão no Presídio de Americano, a 70 quilômetros de Belém. O advogado Oscar Damasceno Filho pretende que Tato apresente a nova versão no próximo dia 15, no primeiro interrogatório feito pelo juiz de Pacajá, Lucas do Carmo de Jesus, que responde por Anapu.

Quando estava preso em Altamira, no mês passado, Tato pediu a um detento que passasse recado a Rayfran e Clodoaldo, também presos na época no local: que assumissem sozinhos a autoria do crime e daria R$ 10 mil a cada um.

As polícias Civil e Federal investigam, em autos complementares, a participação de outros fazendeiros no crime. O delegado Waldir Freire avalia, no entanto, que só poderá ser possível provar a existência do consórcio com a prisão de Bida. Freire ironizou a nova versão de Tato e sugeriu que seu objetivo é "livrar" Bida do processo. "Ele (Tato) é um mentiroso. Se quisesse contar alguma coisa teria dito no inquérito", disse.