Título: "Mãe, posso apanhar, mas não vou fugir"
Autor: José Luís Dacauaziliquá
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2005, Metrópole, p. C1

"Mãe, vai ter fuga hoje (anteontem), mas eu não vou fugir não. Posso apanhar, mas fugir eu não vou", disse, por telefone, o filho da dona de casa Mariluce Maria da Silva, de 41 anos. O adolescente está internado na Unidade 10 do Complexo Tatuapé por ter realizado um assalto. Mariluce havia passado o dia com filho e recebeu a ligação logo depois de chegar em casa, no Capão Redondo, periferia da zona sul. "O telefone tocou e era o meu filho, falando da confusão", disse ela. Segundo a dona de casa, a pena inicial dele era de 6 meses. Só que, no começo do ano, o adolescente fugiu. Acabou sendo recapturado pela Polícia Militar e recebeu a punição de passar mais três meses na Febem.

Mãe de outro interno, Valdirene José dos Santos, de 34 anos, não teve a mesma sorte de receber um telefonema tranqüilizador. Ela ficou sabendo da fuga ao chegar em casa, em Santo Amaro, e voltou imediatamente para a Febem. "Quero saber notícias do meu filho. Não sei se ele está vivo, morto ou se fugiu." Seu filho está na Unidade 12 (circuito grave), por assalto.