Título: Juízes reclamam de exposição em site do STJ
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/02/2005, Nacional, p. A8

"Estamos injustamente na berlinda", diz desembargador.

Desembargadores do Tribunal de Justiça do Mato Grosso estão descontentes com o modo como o site do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) vem divulgando notícias que envolvem oito de seus membros - pois se trata de informações relativas a "procedimentos de natureza não contenciosa", como define o presidente do tribunal, o magistrado José Ferreira Leite, e não de processos com acusações comprovadas. "É uma dor íntima muito grande o tribunal que eu presido estar injustamente na berlinda", diz ele. Na reportagem publicada a respeito pelo Estado, no último domingo, dia 13, no entanto, o texto original sofreu cortes e alterações que deram origem a equívocos. Não é verdadeira a informação do título, segundo o qual há "oito juízes marcados pela suspeita", nem a que se segue, onde se diz que "histórias de processos e propinas marcam a Casa, malvista até no site do STJ". Também não é correta a legenda sob a foto do desembargador Flávio José Bertin, na qual ele é apresentado como "um dos suspeitos de receber propina".

O que a reportagem mostra, a respeito desse desembargador, é que um relatório do Banco Central, em mãos da Justiça Federal, informa que ele recebeu dois depósitos de duas empresas de factoring. As duas pertencem a José Arcanjo Pereira, o "Comendador", que está sentenciado pela Justiça Federal a 33 anos de prisão por comandar o crime organizado no Mato Grosso.

Ouvido pelo Estado, o desembargador Bertin declarou não saber do que se trata. "É possível que alguém tenha depositado sem o meu conhecimento, é possível que um cheque de terceiro tenha ido parar lá, mas realmente não me lembro. De mais a mais, não há nenhuma ilegalidade nisso", completou Flávio Bertin sobre o assunto. Não há nenhuma acusação contra o desembargador pelos cheques que entraram em sua conta. O Estado lamenta os equívocos.