Título: China aprova lei contra Taiwan; Hu fala em guerra
Autor: AP, AFP e Reuters
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/03/2005, Internacional, p. A9

Polêmica legislação que autoriza 'medidas não pacíficas' contra taiwaneses foi votada hoje, no encerramento do Congresso Nacional do Povo, em Pequim PEQUIM - O Congresso Nacional do Povo, equivalente ao Parlamento chinês, aprovou na manhã desta segunda-feira (noite de ontem no Brasil) a polêmica Lei Anti-Secessão que autoriza o Exército da China a utilizar "medidas não pacíficas", caso Taiwan declare oficialmente sua independência. As autoridades chinesas têm evitado especificar o que seriam essas medidas não pacificas, mas analistas asseguram que elas possam ir de um bloqueio militar até um ataque com mísseis ou uma invasão da ilha. O projeto de lei foi aprovado por 2.896 votos a favor, nenhum contra e 2 abstenções. No último dia de deliberações do congresso anual, foram aprovadas outras medidas, como o orçamento anual, a ampliação dos gastos militares e a confirmação no novo líder chinês, o presidente Hu Jintao, como comandante do Exército.

No domingo, Hu Jintao, alertou o Exército para que se prepare para a guerra e considere a defesa da integridade nacional "acima de qualquer outro princípio". "Intensificaremos os preparativos para um possível confronto e aumentaremos nossa capacidade para enfrentar a crise, salvaguardar a paz, evitar as guerras e vencê-las, caso elas se produzam", disse Hu, segundo a agência de notícias oficial Nova China.

A chefia militar era o último cargo que o ex-presidente Jiang Zemin ainda exercia na cúpula chinesa. Hu foi escolhido pelo congresso para assumir o comando militar por 2.886 votos a favor e apenas 6 contra - com 6 abstenções.

Taiwan se separou da China continental há mais de 50 anos, em meio à revolução liderada por Mao Tsé-tung. Pequim, no entanto considera a ilha uma província rebelde e parte integrante de seu território. O presidente taiwanês, Chen Shui-bian, defensor da independência, tinha entre seus planos declarar Taiwan totalmente independente da China antes do fim de seu segundo e último mandato, em 2008. Chen criticou o projeto de lei chinês, que qualificou de uma ameaça à segurança regional. A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, disse que a lei "alimenta as tensões".