Título: Futuro ministro 'colava' e dirigia sem carteira
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2005, Nacional, p. A5

BRASÍLIA - Futuro ministro do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e corregedor da Câmara dos Deputados, o deputado Cyro Nogueira (PP-PI), de 36 anos, confessou, ontem, que quando era estudante do Colégio Leonardo da Vinci, um dos mais tradicionais da capital, cometeu uma infração e um pecadilho. Antes de completar 18 anos, dirigia um Escort preto XR3 pelas ruas de Brasília e costumava colar para passar de ano. "Colar fazia parte daquele tempo e, quando eu não estudava, um colega me ajudava e vice-versa", disse ao Estado no início da noite, pouco antes de confirmar para assessores que integraria o Ministério do governo Lula.

Quanto a infração de trânsito, o deputado ressalva que usava o Escort em trajetos limitados. "Isso é verdade, mas eu ia da casa para o Colégio e do Colégio para casa", assegura. Alguns colegas da época, contudo, lembram que Nogueira costumava transportá-los pelos eixos e avenidas brasilienses para passeios depois das aulas.

O deputado trocou de Colégio e acabou fazendo vestibular para a PUC e passando. "Foi o ano que menos estudei", admite. Segundo ele, não houve cola no vestibular, já que a prova da PUC exigia mais conhecimentos gerais do que aprendizado específico em matéria do segundo grau. E garante que adotou o mesmo comportamento nos quatro anos que esteve na PUC de onde saiu Bacharel de Direito. "Eu tinha que estudar porque se formar colando não tinha vantagem alguma", argumentou.

Oriundo de um família de políticos - pai e tio ex-deputados- Ciro não seguiu a .carreira de advogado. Preferiu a política. Longe dos estudos e já com a situação regularizada junto ao Detran, o deputado tornou-se a estrela do baixo clero.

Ele é um profissional da Mesa desde o primeiro mandato em 1994.Ciro já foi duas vezes quarto-secretário e agora é vice-presidente e corregedor da casa. Entre as suas funções, por exemplo, está a de punir fraudes de votação. Mas, segundo seus críticos, o que ele gosta mesmo é de fazer viagens internacionais e por causa delas tem mais de 20% de faltas justificadas.

Seu maior admirador é o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti. A química entre os dois é impressionante. Severino é grato por ter encontrado em Ciro apoio e incentivo para continuar com sua candidatura, mesmo debaixo de intensa pressão dos caciques do Congresso que recomendavam sua desistência.

Para confirmar sua admiração, Severino bateu pé no nome de Ciro como sendo o nome do PP para o Ministério. Ciro conta que há dois dias, Severino o procurou e avisou que ele seria ministro. O deputado não aceitou achando que o PT na verdade queria tirá-lo da segunda vice.

Entre um ministério incerto e a segunda vice, Ciro preferia continuar na Mesa da Câmara.

A solução encontrada foi propor ao deputado uma fórmula em que ele apenas se licenciava da segunda vice, podendo voltar ao cargo, quando deixasse de ser ministro. Ainda desconfiado, Ciro lembrou que sua mulher era contra. "Mas aí o Severino bateu na mesa e disse que era eu.

agora eu estou esperando ou o Ministério da Integração ou o das Comunicações"disse.

Vai aqui uma boa cola: Ciro quer o Ministério da Integração.