Título: Pai e filho aprenderam que povo não quer tutela
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2005, Nacional, p. A11

Pai e filho hoje concordam numa verdade que Eduardo Jorge aprendeu com a vida e Alexandre aprendeu com o pai: o povo não precisa de tutela. Alexandre cresceu, depois da redemocratização, sabendo que o sistema representativo é o ideal; Eduardo só aprendeu isso ao longo da luta política. "Votei nulo por muito tempo", relata Eduardo, que foi líder do PT na Câmara dos Deputados à época da cassação de seu colega de zaga. Alexandre, sem preconceito com ideologias, diz que votou em José Serra para prefeito e num colega de escola do PSTU para vereador.

O que Alexandre recebeu de graça, o pai levou muito tempo para descobrir. "Demorei para superar essa visão autoritária de ditar o caminho do povo", diz Eduardo. Alexandre diz que preza a liberdade: "Se pintar violência, tô fora", decreta.

Eduardo Jorge diz que foi um marxista clássico, mas nunca rejeitou os fluidos de Woodstock: "O PCBR tinha uma vantagem: não impunha rigidez doutrinária". Quando Gil e Caetano pregaram a virada na cultura musical brasileira ele estava na platéia aplaudindo. "Eu fui dos raros marxistas que adorava os Beatles", conta, rindo. Ficaram alguns poucos resíduos autoritários, diz Alexandre. "Em casa, ele tem alguns desvios. Exige que sentemos à mesa em posições rígidas", brinca. Eduardo Jorge ri da crítica do filho: "Lá em casa existe uma monarquia esclarecida".