Título: Cinco visões para duas décadas de história
Autor: Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2005, Nacional, p. A12

Em artigos para o 'Estado', presidentes falam do que aconteceu de mais importante no País nos últimos 20 anos BRASÍLIA - Os cinco presidentes brasileiros que se sucederam no poder durante os 20 anos de redemocratização apresentam, em artigos escritos para o Estado, visões diferentes sobre o período em que o País trocou o regime dos generais pela democracia. Da eleição indireta e morte de Tancredo Neves até a chegada do PT ao poder, o Brasil escreveu um nova Constituição, declarou moratória, sobreviveu ao confisco, superou um impeachment do primeiro presidente eleito pelo voto popular e, afinal, conseguiu controlar a inflação. Duas décadas depois, José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva dão seu testemunho sobre o período. O presidente Lula disse que "a história ensinou que o verdadeiro desenvolvimento é incompatível com o regime de opressão". Para ele, o desafio da democracia no século 21 é dar suporte a uma mudança negociada que pavimente os trilhos de um crescimento duradouro e equilibrado.

FHC cedeu um trecho inédito do livro que escreve, no qual diz que a democracia foi a causa da sua geração. "A história contemporânea da política brasileira começa com as lutas dos anos 70, pela volta à democracia, sonhada por muitos como se fosse a inauguração de uma sociedade, dando nome às coisas, socialista."

Itamar cita um episódio que é pouco conhecido, mas, segundo ele, fundamental à evolução política - um movimento de parlamentares que eram contra a eleição indireta, mas perceberam e erro a tempo e recuaram.

O artigo dissonante veio do presidente Fernando Collor de Mello, para quem o 20.º aniversário da redemocratização deveria ser comemorado em 2009, quando sua eleição completa duas décadas. "Como se falar em redemocratização sem a população fazer a sua escolha?" Para ele, a festa é "uma tentativa de fraudar a história".

Em seu texto, o ex-presidente José Sarney lembra: "Saímos de um período autoritário para reconstruir a democracia. Tive erros, tive acertos. Mas fiz aquilo para que Tancredo tinha sido eleito: finalizar a democracia", afirma. A seguir, os depoimentos: