Título: Sardinhas e velas contra o BC
Autor: Márcia De Chiara e Sheila D'Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2005, Economia, p. B1

PROTESTO: Os diretores e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, vão decidir a taxa de juros da economia este mês sentindo cheiro de sardinha. É o que promete um grupo de 500 sindicalistas, que programou manifestações em frente ao Banco Central e ao Ministério da Fazenda hoje e amanhã, coincidindo com a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Além das sardinhas, eles programaram missa, procissão e vigília. Segundo o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, pelo menos 100 quilos do peixe serão consumidos pelos manifestantes, que se apresentarão de camiseta laranja como o grupo dos "sem-banco". A idéia da Força Sindical é fazer um contraponto aos lucros recordes dos bancos em conseqüência da política de juros altos e mostrar aos diretores do BC que, "enquanto os banqueiros comem picanha, os trabalhadores, ficam com a sardinha". "A sociedade tem que se manifestar e mostrar sua insatisfação para que possamos discutir a política econômica do governo." O protesto começará hoje, com a montagem de um acampamento em frente ao Ministério da Fazenda. De lá eles seguirão em passeata, no início da tarde, para o prédio do BC. A central espera reunir 500 manifestantes, que virão de ônibus e avião a Brasília, com gastos calculados em cerca de R$ 50 mil. Esse valor inclui ainda o custo de mil velas brancas que serão acesas na procissão até a sede do BC. Amanhã, serão distribuídos os 100 quilos de sardinha na hora do almoço e, no fim da tarde, quando os diretores estiverem divulgando o novo índice da Selic, deverá ser realizada uma missa em frente ao BC. A programação inclui a visita de parlamentares ao acampamento dos manifestantes e uma audiência com o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, para tratar da reforma sindical.