Título: BNDES terá investimento com FGTS
Autor: Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2005, Economia, p. B5

Mantega diz que, em 20 ou 30 dias, vai apresentar proposta de fundo de ações semelhante ao da Petrobrás e da Vale do Rio Doce RIO - Depois da Petrobrás e da Vale do Rio Doce, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estuda o lançamento de outro fundo de ações que permita a participação de investidores com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Ontem, o presidente do banco, Guido Mantega, revelou que vai propor aos gestores do FGTS, "em 20 ou 30 dias", a nova possibilidade de investimento, a ser criada ainda este ano. O fundo terá rentabilidade mínima garantida pelo BNDES igual à da caderneta de poupança. Ou seja, o investidor terá a garantia de que o dinheiro renderá mais do que a valorização fixada pelo FGTS. Ainda não há nenhuma definição sobre valores de investimento, sobre a parcela máxima permitida ou das ações que participarão do fundo.

No caso da Vale, foi determinado como fatia máxima 30% do valor do FGTS acumulado pelo trabalhador no momento da compra. Também havia, neste e no fundo da Petrobrás, regras específicas determinando que o resgate só pode ser feito nas hipóteses de saque previstas em lei para o FGTS (quitação de imóvel, demissão ou aposentadoria).

A valorização do fundo em estudo pelo BNDES, além da taxa de poupança, vai depender da evolução do conjunto das ações reunidas e da distribuição de dividendos pelas empresas que o integrarem. "Achamos que isso é ótimo e pode ser utilizado pelos trabalhadores", disse Mantega, revelando que ele mesmo investiu parte de seu fundo de garantia em ações da Vale. De acordo com dados da Caixa Econômica, que administra o Fundo-Vale desde o seu lançamento, em fevereiro de 2002, até o fim do ano passado, o investimento valorizou 264,15%. Segundo Mantega, o negócio oferecido pelo banco também será "totalmente seguro".

PIBB

Ele adiantou, ainda, que o fundo terá estrutura semelhante à do Papéis Índice Brasil Bovespa (PIBB), integrado pelas 50 ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (as chamadas "blue chips"). Mantega lembrou que no seu lançamento, em julho de 2004, havia a garantia de que, um ano depois, em caso de desvalorização, o investidor poderia ter o seu dinheiro de volta para aplicações até R$ 25 mil.

Apesar de ser direcionado basicamente a pequenos investidores - o limite mínimo de aplicação, de R$ 300, é muito inferior ao cobrado por bancos comerciais em operações desse tipo - o PIBB não permitia a utilização do FGTS. Também voltado a médios investidores, o fundo não permitia, contudo, aplicações acima de R$ 250 mil. Até agora, o PIBB acumula rentabilidade próxima de 50%, em oito meses. Como este, o investimento em estudo pelo BNDES será oferecido tanto a pessoas jurídicas quanto a pessoas físicas, independentemente do FGTS.

Mantega citou ainda a possibilidade de investimento no setor siderúrgico, outro específico para o comércio exterior e disse que se "pode pensar em fundos de recebíveis (títulos que garantem direito a receber pagamentos, como crediários ou financiamentos habitacionais)", sem dar mais detalhes.