Título: Dilma não vê ameaça na dívida de empresas elétricas
Autor: Paulo Sotero Correspondente
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2005, Economia, p. B6

Para ministra, Cesp, Light e Eletropaulo têm de fazer o 'saneamento necessário'

WASHINGTON - A ministra da Energia, Dilma Rousseff, afirmou ontem que a situação de endividamento de Cesp, Light e Eletropaulo não representa risco à integridade do setor e esclareceu que "não há nenhum programa de resgate de empresas endividadas em curso". Para ela, cabe às empresas "fazer o saneamento necessário, sem comprometer o qualidade do serviço". Dilma encerrou ontem uma visita de três dias a Washington, durante a qual participou de um seminário do Banco Mundial. Ela viajou à noite para Londres.

"A Light e a Eletropaulo são empresas reguladas e respondem por isso", disse Dilma. "A Cesp tem problemas que derivam do imenso endividamento que ela tinha e que não foi solucionado quando da privatização do setor." A ministra disse que, até onde sabe, o caso da Eletropaulo está equacionado: "A empresa alcançou uma estabilidade em está em franca recuperação."

Dilma afirmou desconhecer o estudo da Economática sobre o endividamento das três empresas, citado ontem pelo Estado. "Mas se a idéia é querer saber se nós vamos resgatá-las, a resposta é não; nós concordamos, no Brasil, que as empresas podem ser geridas de forma privada, sem o controle do governo. Não posso responder sobre algo que não controlo. Agora, caso elas não paguem as dívidas, os credores deverão tomar todas as providências para fazê-las pagar. A lei permite que a Aneel tome providências se a empresa regulada que se tornar insustentável. Mas acredito que não seja o caso e estranho a informação."

Segundo o estudo da Economática, a dívida de Cesp, Light e Eletropaulo é bem superior ao patrimônio líquido das empresas. Na Light, o endividamento corresponde a 760,9% de seu patrimônio; na Eletropaulo, 152,8%; e na Cesp, 153,5%. As três empresas querem ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), que ainda não recebeu pagamento de empréstimos anteriores.

Sobre a situação na Bolívia, onde a Petrobrás tem presença importante, a ministra disse que "achamos fundamental contribuir para a estabilidade do governo do presidente Mesa, que é estratégica não apenas no presente como no futuro".