Título: Alckmin demite ouvidor que foi preso
Autor: Marcelo Godoy, Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2005, Metróple, p. C1

Doze horas depois de pagar a fiança e deixar a delegacia onde havia sido preso sob a acusação de matar um motociclista enquanto dirigia embrigado, o ouvidor da Polícia de São Paulo, Itajiba Faria Ferreira Cravo, foi demitido pelo governador Geraldo Alckmin. Em nota oficial, o governo justificou-se: "Alckmin entendeu que o evento em que se envolveu o sr. Itajiba é incompatível com o exércicio das funções de ouvidor". Pouco antes, às 17 horas, o ouvidor havia dito que não renunciaria ao cargo e se dizia tranqüilo para continuar em sua função. Itajiba foi preso depois que bateu seu Gurgel numa motocicleta que vinha no sentido contrário no km 174 da Rodovia Rio-Santos, em São Sebastião, no litoral norte. Eram 20 horas de anteontem.

O motorista da moto, o empresário Luiz dos Santos Rodrigues, de 43 anos, morreu na hora. Dono de uma empresa de terraplenagem, ele ia buscar uma de suas filhas. Uma enfermeira, o motorista da ambulância e um policial rodoviário disseram que Itajiba parecia embriagado. Para a polícia, além de bêbado, ele entrou na pista contrária e bateu na moto.

Itagiba negou isso e afirmou que o empresário foi o responsável pelo acidente. Disse que só tomou três garrafas pequenas de cerveja no almoço. Na delegacia, o ouvidor passou por exames de embriaguez. Um laudo assinado pelo legista Marcelo Saad constatou que Itajiba dirigia alcoolizado. O ouvidor passou a madrugada na delegacia, dormiu numa das salas e, na manhã de ontem, às 6h30, foi libertado depois de pagar R$ 1.140,00 de fiança.

Segundo o governo, afastar o ouvidor, cujo mandato de dois anos terminaria em junho, é possível desde que "haja motivo relevante, a critério da administração, que comprometa o fiel exercício das atribuições do cargo". Agora, Alckmin pedirá ao Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana uma lista tríplice para a escolha do novo ouvidor.