Título: Para tentar evitar protestos, Alencar tranqüiliza militares sobre aumento
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2005, Nacional, p. A8

BRASÍLIA - Preocupados com as primeiras manifestações das mulheres dos militares exigindo o pagamento da segunda etapa do reajuste salarial de 23% - prometido para até o fim de março -, o ministro da Defesa, José Alencar, e os comandantes militares enviaram à tropa comunicados esclarecendo as negociações que estão sendo realizadas pelo governo federal. Em setembro, os militares receberam 10%, primeira parcela de um total de 33% que deveria ser pago até o fim do primeiro trimestre. Diante da falta de mobilização do governo em cumprir o prometido no ano passado, as mulheres dos militares, em protesto, fizeram um panelaço no início do mês na Praça dos Três Poderes. Na semana passada, o vice-presidente recebeu as reivindicações e as apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião na segunda-feira, no Palácio do Planalto.

Na quarta-feira, Alencar enviou um comunicado aos comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, que foi repassado, ontem, às unidades militares das três Forças, para tranqüilizá-las sobre as negociações e tentar evitar novas manifestações. A nota de Alencar ressaltava que, durante a reunião, "o excelentíssimo senhor presidente da República mostrou-se sensível à perda do poder aquisitivo dos militares e determinou a avaliação do pleito pela área econômica do governo, com vistas à obtenção da melhor solução possível para o caso". Não há previsão, no entanto, de quando a área econômica dará uma resposta para o ministro da Defesa.

MAL-ESTAR

No comunicado, Alencar informa que "o Ministério da Defesa desenvolveu estudos com o objetivo de propor medidas para a recuperação do poder aquisitivo dos militares das Forças Armadas". E, sem citar os 33%, índice de defasagem salarial registrado até julho do ano passado, a nota diz também que "as análises e as projeções realizadas basearam-se em índices econômicos utilizados para avaliar a variação do custo de vida no período de janeiro de 2001 a janeiro de 2005".

Em seguida, para mostrar que os comandantes militares também estão empenhados na busca de melhores salários para a categoria - e talvez para evitar mal-estar como o causado pelo ex-ministro José Viegas, que chegou sugerir que os chefes militares não haviam apresentado suas reivindicações -, Alencar esclarece na nota que os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica participaram da reunião no Planalto. Os ministros da Casa Civil (José Dirceu), da Fazenda (Antonio Palocci) e do Planejamento (Nelson Machado) também estiveram presentes.