Título: Palestinos prometem não atacar Israel
Autor: AP, EFE, DPA, AFP e Reuters
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2005, Internacional, p. A12

No Cairo, representantes de facções radicais se comprometem com presidente da AP a manter 'calma relativa' até o fim do ano CAIRO-Os 12 grupos armados palestinos acertaram ontem um acordo com a Autoridade Palestina (AP) para manter a "calma relativa" em relação a Israel desde que o governo israelense "interrompa sua política de agressão e liberte presos palestinos". O acordo se deu após reunião de três dias entre os líderes das facções palestinas e o presidente da AP, Mahmud Abbas, no Cairo. Segundo o documento final do encontro, a Declaração do Cairo, os grupos não se comprometem com uma trégua formal, mas se dispõem a manter a "atual situação de calma" até o fim de 2005. A partir de então, o compromisso pode ser renovado "de acordo com o compromisso do inimigo de aceitar as condições exigidas e as demandas palestinas", segundo o representante do Hamas, Khaled Meshal.

A nota ressalta ainda "o direito dos palestinos de resistir à ocupação de Israel", além do direito a um Estado independente, com capital em Jerusalém Oriental. O documento menciona também o compromisso de reforma da Organização de Libertação da Palestina (OLP) para que no futuro inclua todas as facções. Um comitê será formado para efetivar essa mudança.

Outro líder do Hamas, Mohammed Nazzal, advertiu que o movimento não aceitará depor suas armas, como exige o governo do primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, porque elas são "a base da resistência palestina".

Nabil Rudeina, assessor de Abbas, explicou que a assinatura do acordo representa um momento novo no diálogo de paz com Israel, acrescentando que para a AP não existe diferença entre manter um período de calma e uma trégua. "Pela primeira vez em muito tempo o povo palestino está unido. Esperamos que Israel e os EUA aproveitem esta oportunidade para manter e ampliar os acordos de Sharm el-Sheikh" - o cessar-fogo anunciado em 8 de fevereiro por Sharon e Abbas.

Um dia depois de transferir o controle de Jericó para os palestinos, Israel qualificou de "um primeiro passo positivo" o acordo obtido no Cairo. Um alto funcionário israelense afirmou que Israel "não lançará operações ofensivas" contra os grupos palestinos enquanto o acordo estiver vigente.

Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro da AP, Ahmed Korei, instou o governo israelense a conter os grupos extremistas judaicos que ameaçam atacar locais sagrados muçulmanos em retaliação ao plano de Sharon de remover todos os assentamentos judaicos da Faixa de Gaza a partir de julho.

Fontes do governo americano disseram ontem que o presidente George W. Bush vai convidar Sharon para visitar sua fazenda de Crawford no dia 11. Após dez visitas à Casa Branca desded 2001, será a primeira vez que Sharon visitará a propriedade de Bush no Texas.