Título: No pós-Copom, juro futuro dispara e dólar cai
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2005, Economia, p. B1

Taxa dos contratos com vencimento em janeiro de 2006 sobe de 18,81% para 19,19% e dólar recua 1,66%, cotado a R$ 2,718 Um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar em 0,5 ponto porcentual a taxa Selic, para 19,25% ao ano, o mercado financeiro viveu um dos momentos mais turbulentos do ano. Com a incerteza em relação ao fim do ciclo de aperto monetário, especialmente por causa do nervosismo no cenário externo, a taxa de juro futuro dos contratos com vencimento em janeiro de 2006, os mais negociados, disparou e fechou em 19,19% ante os 18,81% do dia anterior.

O dólar teve a maior queda porcentual do ano, de 1,66%, e terminou cotado em R$ 2,718, refletindo a perspectiva de novos investimentos estrangeiros no País, atraídos pela elevada taxa de juros. Além disso, muitos investidores de câmbio resolveram migrar para o mercado de juros, aumentando a oferta da moeda no mercado e derrubando as cotações.

O recuo da moeda americana também foi justificado pela decisão do Banco Central (BC) de não realizar o leilão de swap reverso, como vinha ocorrendo nas últimas semanas. A opção foi interpretada pelo mercado financeiro como um sinal de que o BC atuará de forma mais sensível e menos agressiva, avalia o economista da Gap Asset Management, Alexandre Maia.

Mas a postura do órgão também pode estar associada às incertezas do cenário externo, especialmente em relação aos Estados Unidos, o que pressionaria o câmbio no mercado brasileiro.

O aumento do preço do petróleo - que ontem bateu a máxima de US$ 57,5 o barril, mas fechou em US$ 56,3, em Nova York - deixou o mercado preocupado com os índices americanos de inflação e, conseqüentemente, com a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre os juros, na terça-feira. 'Um possível aperto monetário nos Estados Unidos reduziria a liquidez no mercado, pressionaria o risco Brasil e o câmbio', argumenta o economista da Sul América Investimentos, Newton Rosa.

As incertezas externas também respingaram no risco país, que durante o dia de ontem chegou a ultrapassar 440 pontos. O avanço deveu-se especialmente à valorização dos bônus americanos, que no final do dia voltaram a cair, afirmou o economista da MCM Consultoria, Antônio Madeira.

Com isso, o risco país fechou em queda de 1,16%, em 426 pontos. No início do mês, o índice estava em 366 pontos.