Título: Emprego cresce, apesar dos juros
Autor: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2005, Economia, p. B4

Em fevereiro, indústria paulista criou 15.010 vagas e Fiesp vê efeito do aumento do crédito, da massa salarial e das exportaçõesO nível de emprego na indústria paulista, apurado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), subiu 0,74% em fevereiro em relação a janeiro, sem ajuste sazonal (sem considerar os efeitos de época). A variação com ajuste sazonal foi positiva em 0,33%. No mês passado, foram criadas 15.010 vagas. No acumulado do ano até fevereiro, o nível de emprego industrial cresceu 1,05% sem ajuste sazonal e 0,35% com ajuste, o que significa 21.271 novos postos de trabalho. No acumulado de 12 meses até o fim de fevereiro, a alta do emprego industrial foi de 6,76% (sem ajuste sazonal), o que corresponde a 133.009 empregos criados. A Fiesp voltou ontem a divulgar o indicador de nível de emprego, depois de ter interrompido a publicação dos dados em dezembro. O último dado divulgado pela Fiesp referia-se ao nível de emprego industrial em novembro de 2004. A entidade informou que a interrupção foi feita para mudança de metodologia de pesquisa. Agora, mensalmente, o nível de emprego na indústria terá dois indicadores, o da Fiesp e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).

O crédito à pessoa física, o aumento da massa salarial e as exportações foram responsáveis pela continuidade da alta do nível de emprego na indústria paulista. De acordo com a pesquisa da Fiesp, foram criadas 15.010 vagas em fevereiro. Em janeiro, a mesma pesquisa mostra a criação de 6.261 postos de trabalho. "Os juros ainda não impactaram a geração de emprego na indústria", disse o diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da entidade, Paulo Francini. No acumulado do ano, a variação do emprego foi positiva em 1,05%, com ajuste sazonal, e 0,35% sem ajuste.

O economista afirmou que o resultado de fevereiro foi uma "surpresa boa e agradável", mas ressaltou que não há motivo para euforia. A Fiesp esperava que o movimento de alta dos juros retomado em setembro já tivesse efeito negativo sobre o emprego neste início de ano.

Francini ressaltou que o crédito para pessoa física cresceu 14% de setembro de 2004 a fevereiro de 2005, provocando um efeito bastante positivo no mercado interno e no emprego. Ao mesmo tempo, o aumento da massa salarial demonstrado pelo IBGE contribuiu para o aumento do consumo de não-duráveis.

Em fevereiro, dos 47 sindicatos que participam da pesquisa, 18 demitiram, 21 contrataram e 8 mantiveram as mesmas vagas. Os setores que apresentaram maiores variações de contratações foram bebidas (4,24%), malharias e meias (1,79%) e produtos de cacau e balas (1,68%). Na ponta negativa, as principais variações foram nos setores de congelados e supercongelados (-9,48%); artefatos de papel, papelão e cortiça (-3,16%) e calçados de Franca (-2,86%), este último particularmente afetado pela queda nas exportações por causa do câmbio.