Título: Petróleo chega a US$ 57,60 e recua
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2005, Economia, p. B6

Barril fecha pregão em US$ 56,40, mas analistas advertem que temporada de altas continua e preço deve chegar aos US$ 60 NOVA YORK - O medo de que falte petróleo tem pressionado os preços do produtos, que, apesar da queda de ontem, devem continuar altos. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex) os contratos de petróleo para abril chegaram a atingir US$ 57,60, durante o pregão, mas caíram e fecharam em US$ 56,40 o barril, recuo de 0,11%. Na Bolsa Internacional de Petróleo (IPE), em Londres, os contratos de petróleo Brent para maio fecharam em US$ 55,06 o barril, alta de 0,33%. "O mercado está alimentado pelo medo e não pelos fundamentos", disse a analista Deborah White, do Banco Société Générale. Os especuladores continuaram a impulsionar o mercado, usando as preocupações relacionadas com o equilíbrio apertado de oferta e demanda global, segundo operadores. Contudo, decidiram realizar lucro (vender para aproveitar os preços altos) quando os preços encontraram uma resistência técnica.

O mercado, porém, permanece sendo de alta, com os operadores e analistas dizendo que os preços provavelmente vão ganhar impulso para novo recorde hoje. "O mercado continua a se mover para cima, só porque os fundos de investidores podem pressionar nessa direção", disse um operador. "Até que possamos ver a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) aumentar bastante a produção, os preços não vão recuar."

De acordo com analistas, os especuladores dizem que estão mirando os US$ 60 como meta de preço. Com o dinheiro especulativo continuando a ser despejado no mercado, isso poderá se tornar uma profecia auto-realizável.

Embora os especuladores digam que estejam baseados no fornecimento, analistas rebatem afirmando que o fosso entre fatores técnicos e fundamentos está aumentando. "Há um claro interesse ultrapassando o teto e os fundamentos do mercado indicam que existem estoques abundantes", disse Steve Hanke, professor de economia aplicada da Johns Hopkins University.

OPEP

Tentando segurar os preços, a Opep está cogitando outra elevação de 500 mil barris por dia, se os preços do petróleo não caírem nos próximos 10 dias, disse o presidente do cartel, xeque Ahmed Fahd Al-Ahmed al-Sabah. "Continuaremos a observar o mercado atentamente", disse o xeque, que também é ministro de Energia do Kuwait. "Acreditamos que se os preços permanecerem onde estão nos próximos 7 a 10 dias, começaremos a contatar nossos colegas ministros para discutir outra elevação de 500 mil barris por dia, que o presidente tem autoridade de decidir após consultas."

Quarta-feira, durante o encontro ministerial em Isfahan (Irã), o cartel autorizou uma elevação do teto de produção de 500 mil barris/dia a partir de 1.º de abril e outro aumento de igual volume num momento posterior. Contudo, a medida não impressionou o mercado e os preços do petróleo atingiram novos níveis recordes na seqüência.

O mercado ignorou o aumento da Opep porque o grupo já produz acima de seu teto oficial de 27 milhões de barris por dia. Portanto, o aumento anunciado ontem não significa necessariamente uma oferta extra da commodity.

Al-Sabah indicou que não era momento de autorizar o segundo aumento no teto de produção. "Sabemos que o mercado não absorveu as decisões da Opep", disse o presidente do cartel, referindo-se à alta dos preços na quarta-feira.