Título: Presos rebelados matam 2 carcereiros
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2005, Metrópole, p. C1
Detentos de CDP de Pinheiros tinham pistolas e granada; Estado admite que armas entraram por causa de corrupção ou revistas malfeitas Corrupção e revistas malfeitas estão por trás da rebelião que deixou 2 agentes penitenciários mortos e 2 feridos, no Centro de Detenção Provisória-1 (CDP-1) de Pinheiros, zona oeste. Essa é a explicação do governo para o fato de presos conseguirem duas pistolas e uma granada de mão, com as quais tentaram dominar a cadeia e fugir. Foi o fracasso desse plano que levou os detentos a se rebelarem. O motim começou à 1 hora e acabou às 15h10. Tudo começou quando um preso simulou um ataque cardíaco e chamou os carcereiros, que abriram a cela. Em poucos minutos, dois agentes penitenciários estavam mortos a tiros e dois, feridos à bala. "Um crime covarde, bárbaro, pois os agentes estavam desarmados", disse o secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa.
Os criminosos saíram das celas e chegaram ao pátio externo. Antes que dominassem o portão do presídio, os guardas da muralha atiraram. Os detentos voltaram para o prédio das celas, fizeram reféns e se rebelaram.
Entre os amotinados estava o assaltante Alexandre Pires Ferreira, o ET, um dos mais perigosos de São Paulo e responsável por alguns dos maiores roubos de jóias e de condomínios do Estado. "Ele era um dos líderes da rebelião", disse o coronel Thomaz Alves Cangerana, do Comando de Policiamento de Choque da Polícia Militar (CPChoq). Seus homens foram chamados às 6 horas para cercar o presídio.
Com o fim da rebelião, 145 presos foram transferidos para outros CDPs e penitenciárias. Os presos concordaram em entregar à tropa de choque as duas pistolas, facas e uma granada. "Pode ter havido falha ou corrupção de funcionários. Esse é um fato gravíssimo. Vamos apurar e afastar os responsáveis", disse o secretário.
Ele anunciou ainda que o governo instalará 66 aparelhos de raio X em prisões do Estado para impedir a entrada de armas e celulares nas unidades. "Estamos treinando os funcionários que vão trabalhar com esses aparelhos." Essa foi a primeira rebelião em um presídio paulista neste ano. É também a primeira em que agentes prisionais são mortos nos últimos cinco anos. A PM só vai revistar a prisão nos próximos dias.