Título: A conta do vandalismo: R$ 2 milhões
Autor: Natália ZontaMoacir Assunção
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2005, Metrópole, p. C9

Ao todo, 86 ônibus foram depredados, dos quais 14 incendiados; seguro das empresas não cobre prejuízo por danos desse tipo Terminada a greve e a confusão causada pelo protesto dos perueiros em São Paulo, as empresas de ônibus calculam prejuízo de R$ 2 milhões e 86 veículos danificados. Segundo o sindicato do setor (SPUrbanuss), 14 veículos foram queimados, 66 tiveram vidros quebrados e 5, os pneus furados. Um ônibus furtado foi encontrado ontem em Diadema. A entidade explicou que o seguro das empresas não cobre danos nos veículos causados por vandalismo. A Viação Campo Belo, da zona sul, foi uma das mais atingidas, com 14 veículos depredados. "Não sabemos quem fez, ninguém viu de onde as pedras partiram", disse um dos administradores da empresa, Luís Flávio. "Os perueiros agiram de forma brutal, pegaram de surpresa", afirmou Adélio Pacheco, um dos responsáveis da Viação Paratodos.

"O prejuízo fica todo com a gente. Vamos gastar cerca de R$ 350 mil para consertar os carros", disse Waldir Sabino, diretor da Viação Tupi, que teve dez ônibus danificados. "Não sabemos quem foi o culpado, provavelmente os perueiros mesmo. A briga deles não é com a gente."

Ninguém da SPUrbanuss quis se manifestar sobre as depredações, mas informou que os empresários esperam que os responsáveis sejam punidos. "A polícia já está trabalhando. Ocorreram mais de 30 prisões e é possível apurar", disse o secretário-adjunto da Segurança Pública, Marcelo Martins, durante seminário no Rio.

Ele justificou a ação da polícia, negando que tenha havido abuso ou truculência. "Quando é acionada, a polícia tem de agir por bem ou, quando é afrontada, por mal." Segundo a Secretaria da Segurança Pública, 35 inquéritos policiais vão apurar as ações ocorridas anteontem e líderes sindicais também serão investigados.

NORMALIDADE

Depois do caos, os moradores da zona leste tiveram um dia mais tranqüilo. "Ontem (anteontem) foi horrível. Tentei levar minha filha ao posto de saúde e tive que voltar", disse a dona de casa Sueli Aparecida dos Santos, de 30 anos, que esperava condução no Terminal Cidade Tiradentes.

Na quarta-feira, a digitadora Marlúcia Mota do Nascimento, moradora de Itaquera, perdeu o dia de trabalho e a filha Lana, de 4 anos, a aula. "Não tinha condição de entrar nos ônibus superlotados. Foi horrível." O operador de máquinas Ivo da Rocha Amaral, de 42 anos, conseguiu ontem pegar o ônibus da Penha para o Brás. "Sempre é ruim, mas sem as peruas estava pior. Vi velhinhos quase caindo da porta."