Título: Aumenta o emprego na indústria
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/03/2005, Economia, p. B2

Com a publicação, ontem, pelo IBGE, da pesquisa industrial mensal relativa ao emprego e salário na indústria no mês de janeiro, confirmou-se o que pesquisa anterior, sobre emprego e produção geral, já indicava - que o nível de emprego na indústria também aumentaria. De fato, o aumento foi de 0,4% em janeiro, em relação ao mês anterior, em termos dessazonalizados. O mais importante é que esse crescimento, aparentemente pequeno, se verificou depois de três meses consecutivos de variações negativas. A produção física nacional, em janeiro, havia acusado redução de 0,5% (com ajuste sazonal). Os dados do emprego parecem indicar um aumento da produtividade no único setor que acusou um aumento da produção física de 3,7% (semiduráveis e não-duráveis). As admissões superaram as demissões em 12 dos 14 locais pesquisados, com destaque para Minas Gerais, onde o emprego industrial cresceu 5,3%, e São Paulo, com 2,6%. Em relação a janeiro de 2004, registrou-se um aumento de 3,2% no nível de emprego na indústria, o que vem confirmar a impressão de que estamos diante de um crescimento sustentado no setor industrial.

Registra-se uma diminuição de 0,9% nas horas pagas, em relação a dezembro, em termos dessazonalizados, indicando uma melhora da produtividade.

O fato mais importante é que o aumento real da folha de salários, já descontadas as influências sazonais, foi de 6,2% em relação ao último mês de 2004, explicado em parte pela redução da taxa de inflação (IPCA de 0,8% em dezembro e de 0,58% em janeiro), mas sobretudo pelo pagamento de benefícios relativos a férias. Comparado com janeiro de 2004, o valor da folha de pagamento real apresenta aumento de 5%, o que indica que houve uma melhora da remuneração na indústria nos últimos meses.

Houve aumento real da folha de pagamento em 14 dos 18 setores analisados, o que indica melhora bastante generalizada dos rendimentos. Os setores que acusaram redução na folha de salários foram a indústria extrativa, a de papel e gráfica e a de minerais não-metálicos.

A associação de mais emprego com salários melhores na indústria permite prever uma certa sustentabilidade da demanda nos próximos meses. O problema é saber se será suficiente para compensar a queda de renda dos agricultores, afetada pela seca, de um lado, e, de outro, pela redução dos preços. A manutenção de um bom nível de exportações é um fator altamente positivo nesta fase.