Título: CNI ataca medida. Fiesp desiste
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/03/2005, Economia, p. B3

Para Skaf, não há mais o que falar sobre a alta de juros A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar a taxa Selic para 19,25% ao ano foi criticada por empresários e sindicalistas. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), considerou a alta desanimadora, ainda que possa ter sido a última. "Com certeza, terá efeitos redutores sobre o ritmo de crescimento da economia em geral e, em especial, sobre a atividade industrial", disse Monteiro Neto. "A demanda interna, principalmente o investimento e os bens de consumo duráveis, já se ressente da contínua elevação dos juros".

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, decidiu não se pronunciar sobre a nova alta da taxa de juros básica alegando que não tem mais o que falar sobre o assunto.

Já o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida, se disse surpreso com o aumento de 0,5 ponto porcentual na taxa. "Acho que o BC já atingiu o objetivo de desacelerar o crescimento econômico, embora não tenha tido o mesmo sucesso em relação à inflação. Pela lógica dele, já podia ter aumentado menos este mês para começar a diminuir a taxa a partir de maio. Se isso acontecesse, nosso crescimento não seria comprometido".

Para o presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Erico Sodré Quirino Ferreira,o BC passou do limite. "Não dá para entender onde eles querem chegar insistindo nessa política que não mostra sinais de reduzir a inflação", diz. Na sua avaliação, as financeiras vão repassar o aumento em momentos diferentes, de acordo com a estratégia de cada uma. "Quem quiser ganhar participação de mercado vai segurar as taxas, quem quiser reajustar margens repassa logo. Não deve haver unanimidade"

Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores ( CUT), Luiz Marinho, a alta dos juros põe em risco o crescimento sustentável da economia por considerar que a medida não impede a majoração de preços. "Ao contrário, sacrifica a economia, o emprego, os salários e promove o crescimento da dívida pública - o que inibe os investimentos públicos"

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, disse que a política de juros elevados é contrária a qualquer projeto de desenvolvimento para o País."Ela está asfixiando a economia".