Título: Material foi abandonado antes de Maia, diz servidora
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/03/2005, Nacional, p. A6

O diretor do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde, Paulo Sérgio Nunes, anunciou ontem que foram encontrados equipamentos de raio X e de laboratório, computadores e cadeiras de rodas abandonados numa sala do subsolo do Hospital do Andaraí, um dos seis sob intervenção no Rio. A subgerente do almoxarifado, Inês Cristina Donato, disse que parte dos equipamentos estava armazenada desde 99, quando o hospital ainda era federal. Nunes se disse surpreso com o bom estado de conservação dos equipamentos e o fato de não estarem sendo usados pelo hospital nem terem sido disponibilizados para a rede. "Isso mostra o mau gerenciamento. Esse material estava lá há um ou dois anos, é um equipamento caro e extremamente necessário." Ele explicou que, pelas normas, os hospitais têm de fazer a cada ano um inventário dos equipamentos que têm, mas o último feito pelo Andaraí data de 2002.

"Uma cena simbólica dessa crise nos hospitais do Rio é a da moça carregando o pai no colo porque o Andaraí não dispunha de cadeira de rodas. Mas eles tinham 3 nessa sala", disse Nunes. O diretor acrescentou que entre os equipamentos os auditores encontraram três caixas de solução para diálise com prazo de validade vencida.

Inês negou que os aparelhos estivessem abandonados. "O raio X chegou em dezembro, para substituir o da sala 13. Mas quando a fórmica da sala foi retirada, descobriu-se que cupins haviam tomado tudo. O hospital esperava verba federal para reformar a sala e instalar o raio X."

Ela disse que o intensificador de imagem já estava no subsolo quando o governo federal geria o hospital. "E nós, do município, não podemos responder por nada daquela época." E as cadeiras de rodas, acrescentou, não são para transporte de pacientes. "Elas são especiais para pacientes da ortopedia."

CESTA BÁSICA

A direção do Andaraí distribuiu ontem 30 cestas básicas para os funcionários que empurram as macas pelos corredores. Eles são cooperativados e estão sem receber desde janeiro. "A cesta ajuda, mas não paga as contas. Devo dinheiro para todo mundo na minha rua", disse o maqueiro Marcelo Faustino de Oliveira, de 26 anos.