Título: Governo vai usar até hospitais do Exército
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/03/2005, Nacional, p. A6

Hospitais de referência do Exército, da Marinha e da Aeronáutica no Rio, que centralizam a transferência de pacientes militares de todo o País, serão usados pelo governo para tentar minorar a crise na saúde pública. Em reunião ontem com o coordenador da intervenção federal, Sérgio Côrtes, representantes militares aceitaram colaborar com o Ministério da Saúde. "A situação é emergencial. Com os ambulatórios parados, hoje foi o caos nas portas das emergências. As filas só aumentam com pacientes que não têm necessidade de estar ali, além do problema da falta de leitos para terapia intensiva", afirmou Côrtes. "Apresentamos todas as demandas e sabemos que as Forças Armadas já se encontram extremamente sobrecarregadas, mas mesmo assim eles se mostraram bastante otimistas na possibilidade de ajudar." Hoje deverá ser definido o tipo de ajuda, após análise da disponibilidade nas unidades militares. Não necessariamente serão leitos.

Os hospitais têm laboratórios que fabricam medicamentos e poderão ajudar na ampliação da oferta de terapia intensiva, disse Côrtes. "Não vamos prometer nada que não seja possível. Isso representa mais uma vez a formação de uma rede, que era o que faltava na cidade." Em mais uma estocada na prefeitura, afirmou que é preciso "acabar com essa visão de que cada um faz aquilo que quer e não aquilo que a população precisa que seja feito". Segundo Côrtes, a ajuda será "progressiva", de acordo com a disponibilidade das unidades militares.

A partir das 8h30 de hoje, o interventor fará visitas a unidades da Marinha, à Vila Militar, do Exército, e ao Campo dos Afonsos, da Aeronáutica, para ver de que forma será possível a colaboração - definir quantas cirurgias poderiam ser feitas e a disponibilidade de equipamentos e leitos para absorver as filas das emergências. As Forças não têm uma relação do que existe disponível hoje.

"Falamos de equipamentos, de recursos humanos, da possibilidade de cirurgias, de leitos de terapia intensiva, mostramos um leque de opções em que eles poderiam nos ajudar, inclusive na produção de medicamentos e insumos. Já estão sobrecarregados, mas a possibilidade de participação no mutirão será avaliada."