Título: Em cinco anos, genéricos ganham 27% do mercado
Autor: Adriana Dias Lopes Colaborou: Claudia Ferraz
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/03/2005, Vida &, p. A17

Acaba de ser concluída a maior pesquisa já feita sobre prescrições e consumo de genéricos no Brasil. Pela primeira vez o desempenho do genérico foi analisado isoladamente. Ou seja, ele foi comparado só com remédios de marca que têm suas versões em genéricos (excluindo patenteados, hormônios, remédios para emagrecer e anticoncepcionais). Uma das conclusões é que o consumo de genéricos cresceu 218%, desde que chegou às farmácias no Brasil, em 2000. Ele ocupa 27,68% desse mercado. Quando é igualado a todos os medicamentos à venda, o espaço é de 9,68%. Mas o desempenho no mercado total está prestes a melhorar. No próximo mês, representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do laboratório americano Watson, um dos maiores fabricantes de anticoncepcional, e agentes da FDA, órgão que regula remédios nos EUA, vão se reunir em São Paulo para discutir sobre a transferência de tecnologia para o Brasil ter seu anticoncepcional genérico.

O País ainda não tem a permissão para fabricar o produto não por conta de patente, mas pela complexidade da ação do medicamento no organismo. "Se tudo der certo, ainda neste ano já lançamos nosso primeiro anticoncepcional", acredita Vera Valente, diretora da Pró-Genéricos, entidade que reúne os fabricantes de genéricos no Brasil e encomendou a pesquisa dos remédios.

O estudo foi feito pelo IMS Health (instituto de pesquisa do mercado farmacêutico) e pelo Ibope. O primeiro analisou o mercado. O segundo, prescrições médicas. O campeão é o antibiótico amoxilina. Em relação a 2001, o aumento de unidades consumidas em 2004 foi de 69%. O remédio de marca da amoxilina cresceu 4% no mesmo período. Já o similar teve queda de 56% (veja diferença dos remédios abaixo).

Nem todo resultado é tão positivo. Em 2004, o total de prescrições médicas de genéricos foi 13,15%. Em 2003, 12,48%. Os que menos prescrevem são os psiquiatras (8,1%). Os gastroenterologistas são os que mais indicam (15,5%). O resultado mostra que o consumidor está muito mais familiarizado com o genérico do que o médico. "Isso acontece porque os médicos são céticos por natureza e o genérico tem pouco tempo de mercado", afirma Vera, da Pró-Genéricos. "Mas também é difícil concorrer com campanhas de laboratórios multinacionais." Já na lista de prescrições dos genéricos mais vendidos, o índice médio de participação do genérico é de 40%.

PREÇO

Oficialmente, o genérico representa 38% de economia em relação ao remédio de marca. O Estado comparou os preços de seis genéricos com seus equivalentes de marca. A economia média foi de 47%. Dois tiveram índices menores. O cloridrato de fluoxetina (para depressão), era 62% mais barato em 2002. Em 2005, 58,3%. O carbidopa/levodopa (para mal de Parkinson), 38% em 2002 e 37,2% em 2005.