Título: E, no caminho, surgem novos empregos
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/02/2005, Economia, p. B7

Número de vagas cresceu 5,79% no interior em 2004. Na Capital, 1,88%

O crescimento da indústria no interior não chega a ser novidade, diz o diretor do Ciesp regional de Campinas, Luiz Alberto Soares Souza. Há anos, afirma, que o Produto Interno Bruto (PIB) supera o da capital. Pesquisa do Ciesp feita por amostragem, envolvendo 93% da indústria paulista, mostra que o interior também está gerando mais empregos. O número de vagas em 2004, em relação a 2003, cresceu 1,88% na Capital, 4,40% na Grande São Paulo e 5,79% no interior. O Vale do Paraíba, especialmente São José dos Campos, e as regiões de Campinas e Sorocaba atraíram a maior parte das indústrias. O processo de terceirização levou à instalação de outras empresas. "Surgiu uma cultura empresarial na própria região, em busca da auto-sustentabilidade." Foi o que motivou a mudança de indústrias transformadoras de produtos agrícolas para regiões próximas das áreas de produção.

A fixação em rotas rodoviárias, explica Souza, obedece a uma equação que inclui, além da segurança, facilidades de acesso e de transporte. Souza prevê rápida ocupação do eixo da nova Bandeirantes, entre Campinas e Rio Claro. Com a Anhangüera até Cordeirópolis, passando por Sumaré, Americana e Limeira, "está se consolidando outro pólo de desenvolvimento entre esta região e a de Ribeirão Preto".

A Anhangüera passa por Araras, Leme, Pirassununga e Porto Ferreira. De Ribeirão Preto a Franca, surge outra rota de indústrias. A duplicação da Marechal Rondon fez surgir um pólo no noroeste do Estado, tradicionalmente ligado à agricultura. "Estamos surpresos com a força da nossa indústria", afirmou o diretor regional do Ciesp em Bauru, Ricardo Coube. "O emprego cresceu 8,28% em 2004 e as exportações aumentaram 77%."

O Ciesp apresentará em março ao governo e entidades empresariais um projeto para transformar a região em pólo logístico. "Bauru é um importante entroncamento rodoviário para a distribuição de produtos ao oeste paulista, Mato Grosso do Sul, norte do Paraná e sul de Minas Gerais." A cidade está próxima da hidrovia Tietê-Paraná e tem a ferrovia administrada pela Ferronorte. Está prevista a construção de um aeroporto internacional em 2006. A Rondon duplicada atende outros pólos industriais como Botucatu, Lins, Penápolis, Birigüi e Araçatuba.

PEDÁGIOS

As rodovias levam as indústrias ao interior do Estado e o motorista autônomo Roberto Sabóia do Nascimento, 40 anos, dono de um caminhão Scania, se admira com a quantidade de novas fábricas ao longo das rodovias. "De Rio Claro até Rio Preto, você roda poucos quilômetros sem ver uma indústria", conta.

Nascimento, porém, tem uma queixa: o grande número de pedágios. "Para quem é autônomo, acaba ficando pesado." Mas reconhece a necessidade deles. "Em termos de segurança, não se compara com a estrada sem pedágio". Ele aponta outros pólos industriais "com muito potencial". Cita Ourinhos, Assis e Presidente Prudente, na Rodovia Raposo Tavares; Itapetininga, Capão Bonito e Itapeva, às margens da SP-127. Dificuldade mesmo tem na região sul do Estado, no Vale do Ribeira. "O forte lá é a banana, não tem indústria."