Título: 'Ministério faz remédio para matar'
Autor: Biaggio Talento
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/03/2005, Vida&, p. A15

SALVADOR - Ontem, depois da tradicional Procissão do Domingo de Ramos, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o cardeal-arcebispo de Salvador d. Geraldo Majella Agnelo fez sua mais veemente defesa da vida, condenando os defensores do aborto, da eutanásia e das experiências com células embrionárias. Na opinião de d. Geraldo, o Ministério da Saúde está mais preocupado em fazer "remédios que matam", numa referência ao apoio do governo ao projeto de pesquisa com embriões. "Rezem por todos os que estão sendo sacrificados e para que os políticos não aprovem leis contra a vida", sob aplauso dos fiéis. D. Geraldo usou a Paixão de Cristo na sua homilia para defender as doutrinas da Igreja. "Nós recordamos o sacrifício de Jesus, o inocente que foi crucificado. Nos dias atuais ainda há muitos inocentes que são mortos", disse, citando os bebês vitimas de abortos e os embriões humanos que podem ser usados em experiências genéticas. "Os embriões também são gente, é vida, não podem ser usados como remédio para outros, não podem ser usados para alimentar a ambição e o egoísmo das pessoas", reforçou, pedindo para os católicos se lembrarem dos "inocentes" na Semana Santa.

Ao se referir à eutanásia, o cardeal disse que se a prática for legalizada vão acabar exterminando todos os considerados "inúteis e que não produzem". "O velho que já está tão cheio de dores e sofrimento. Para que sofrer? Vamos acabar com ele", ironizou, calculando que da forma como as coisas se encaminham, "os nossos deputados e senadores vão chegar lá".

Citando diretamente o governo Lula, alertou: "O nosso Ministério da Saúde, em vez de proporcionar vida para todos, está aí fazendo remédios para matar", disse. D. Geraldo pediu aos fiéis que "rezem para os que estão sendo sacrificados, para que haja misericórdia e perdão, pois não queremos a morte de ninguém nem do pior criminoso que possa existir, defendemos a vida plena e cheia de saúde a todos e é para isso que devemos lutar".