Título: Imposto impede salvação das aéreas, diz Iata
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/03/2005, Economia, p. B7

O presidente da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), Giovanni Bisignani, acusa o governo brasileiro de dificultar a recuperação do setor aéreo no País. Em entrevista ao Estado, Bisignani aponta que o Brasil aplica uma das maiores taxas do mundo sobre o combustível dos aviões e ainda estuda um novo imposto sobre o querosene. "É difícil de entender", afirmou. Segundo a Iata, o preço do petróleo tem um reflexo direto sobre o setor em todo o mundo. Desde 2001, as companhias aéreas internacionais têm crescimento anual de 6%, mas mesmo assim os prejuízos chegam a US$ 35 bilhões, em grande parte graças ao preço do combustível. "O custo do petróleo será crítico para definir as operações em 2005", afirmou o presidente da Iata.

No Brasil, um terço do preço final do querosene de avião é resultado de impostos. Em termos gerais, 25% dos custos das companhias nacionais estão relacionadas ao querosene. "Somos contra uma nova taxa ou um aumento dos impostos sobre o combustível. Os governos precisam entender que as empresas pagam por sua infra-estrutura ao aterrissar, estacionar e voar, um custo de US$ 40 bilhões por ano", afirma.

A Iata já enviou carta ao governo Luiz Inácio Lula da Silva sobre o assunto e está conversando com o Departamento de Aviação Civil (DAC). Além disso, a volatilidade dos preços internacionais do petróleo afeta diretamente os valores do querosene no Brasil. Apenas neste ano, a Petrobrás fez pelo menos quatro reajustes nos preços do combustível dos aviões. O câmbio seria outro responsável pela mudança freqüente nos preços.

Para Bisignani, uma das saídas para o setor seria aumentar a eficiência dos jatos. Hoje, os aviões usam 4,5 litros de querosene por 100 passageiros transportados por quilômetro. Alguns dos novos modelos, como o A380 (Airbus) e B-787 (Boeing), conseguem uma taxa de 3 litros.

Quando o barril de petróleo está em US$ 40, o combustível corresponde em média a 18% dos custos do setor. Em 2004, as 250 maiores companhias do mundo pagaram US$ 63 bilhões pelo querosene, situação que promete ser pior em 2005.

AMBIENTE

O setor ainda quer mostrar que está preocupado com os efeitos ambientais dos jatos e aeroportos. Para lidar com problemas como poluição sonora ou de emissões de gases, os fabricantes, entre eles a Boeing e Airbus, fecharam um acordo para reduzir pela metade as emissões de gás carbônico dos aviões até 2020. A poluição sonora também seria reduzida pela metade. A Embraer promete seguir mesma tendência.