Título: Municípios não receberão compensação, diz secretário
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/03/2005, Metrópole, p. C4

Não haverá compensação financeira para os municípios que vão abrigar as 41 novas unidades da Febem. A afirmação foi feita ontem pelo secretário de Justiça e presidente da instituição, Alexandre de Moraes. "Isso não vai gerar gasto para os municípios", justificou. Ele disse que já conversou com alguns prefeitos no fim de semana e, até quarta-feira, terá falado com todos. "Prefeitos são sempre municipalistas, mas todos vão entender a necessidade de se fazer isso", acredita. "Entendo a preocupação deles, mas, conversando, vão ver que é seguro. As unidades serão pequenas. Não vai ser nenhum Tatuapé, com 1.600 adolescentes." Moraes lembrou que, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os jovens infratores devem ficar perto da comunidade. "Há aquela frase famosa que ninguém mora na União, nem no Estado, mas no município. Os adolescentes também são do município."

O anúncio da instalação das novas unidades desagradou à população e aos prefeitos. Muitos já informaram que não pretendem aceitar o "presente" e vão fazer "o impossível" para devolvê-lo.

Em Neves Paulista, no noroeste do Estado, a notícia foi recebida com indignação. "Não pedimos, não queremos e vamos fazer de tudo para não vir para cá", afirmou o chefe de gabinete da prefeitura, Antônio Bonavita.

Em nota oficial, o prefeito de Hortolândia, na região de Campinas, Ângelo Perugini (PT), criticou o governador Geraldo Alckmin e disse que "o Estado quer transferir o problema para o interior" e "tem tratado a cidade como um depósito de presos".

O prefeito do Guarujá, Farid Madi (PDT), também não gostou da notícia. "Não fomos consultados e o Guarujá não precisa e não pode ter mais quatro unidades", disse, lembrando que já há uma instalada e considerada modelo. Ele vai pedir a Alckmin que cancele a medida.