Título: Dirceu diz que fritura não enfraquece ministros
Autor: James Allen
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/03/2005, Nacional, p. A6

BRASÍLIA - O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse ontem que o adiamento ou suspensão da reforma ministerial não enfraquece os ministros que, segundo admitiam líderes do próprio governo, deveriam deixar o cargo, mas terminaram por ser preservados. Para Dirceu, a manutenção de ministros que estavam sendo fritados pelo governo não vai representar nenhum prejuízo para a gestão dos ministérios. Apesar do desgaste sofrido por meses por alguns integrantes da equipe, como Humberto Costa (Saúde) e Aldo Rebelo (Coordenação Política), Dirceu disse que não há ministros enfraquecidos. "Não houve interrupção em nenhum programa, em nenhum ministério e não vejo nenhum ministro que tenha parado de trabalhar." Para ele, o governo já tem um plano de ação "que muitas vezes independe de questões conjunturais".

Ao analisar a possível retomada da reforma ministerial mais adiante, Dirceu disse que "o tempo pertence ao presidente" e a participação ou não do PP na equipe será uma decisão de Lula. Mas registrou que o partido do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PE), apóia o governo há dois anos. Ele negou que as pressões do PMDB para manter o Ministério das Comunicações tivessem sido um complicador na articulação da reforma. "O PMDB colocou o ministério à disposição do presidente."

VOTAÇÕES

Dirceu adotou ontem o discurso de que a vida deve continuar: "O governo está trabalhando e a Câmara dos Deputados tem votado os projetos mais importantes da agenda política nacional." Articulador de mudanças ministeriais que não emplacaram - como a indicação do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) para a Coordenação Política, e do deputado Jorge Bittar (PT-RJ), para o Ministério do Planejamento -, o ministro disse que nada parou nos ministérios, apesar das tensões provocadas pela reforma ministerial.

"Fatos são fatos", replicou, lembrando que a Lei de Biossegurança e a emenda constitucional que complementa a reforma da Previdência já foram aprovadas pela Câmara. Dirceu argumentou ainda que a reforma tributária, para unificar as 27 legislações estaduais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), está sendo negociada pelos governadores e pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. "Isso mostra que a Câmara está trabalhando."