Título: Paulo Bernardo é contra renovar acordo com FMI
Autor: Sheila D´Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/03/2005, Nacional, p. A7

BRASÍLIA -Se depender do novo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o atual acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que termina na próxima semana, não será renovado. Apesar de afirmar que essa discussão é mais 'uma questão de princípio' e lembrar que o PT já assinou um programa com o Fundo e avalizou outro durante o período de transição do governo, ele disse, logo após assumir oficialmente o cargo, que 'o Brasil não tem mais necessidade de fazer um novo acordo'. Tema polêmico no PT, a decisão de prosseguir ou não com o aval financeiro do FMI precisará ser anunciada nos próximos dias.Parte da equipe econômica defende que o País já tem condições de abrir mão do dinheiro do Fundo. Para outra, é importante contar com o FMI para o caso de o cenário internacional se complicar.

Bastante afinado com as idéias defendidas pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, Bernardo fez questão de alertar aos mais desavisados que sua nomeação não representa nenhum sinal de alteração na política econômica.

O recado foi endereçado aos petistas insatisfeitos com a equipe econômica e esperançosos de que a reforma ministerial incluísse um nome para o Planejamento que representasse um contraponto a Palocci. 'Esse é um tema bastante debatido no PT e deverá continuar sendo. Vai mudar o ministro, mas não mudará nada na política econômica', disse Bernardo.

Bernardo afirmou também que não vê com simpatia a idéia de elevar a meta de inflação para este ano, defendida por alguns integrantes do PT como forma de permitir a redução dos juros e melhorar as condições de crescimento da economia. 'Não tenho muitas informações. Como deputado, não tinha posição simpática.' Ele promete somar esforços para aprovar a Medida Provisória 232, que altera a cobrança de tributos.

Segundo o novo ministro, o mais importante nessa medida não é o aumento parcial de impostos para alguns setores mas, sim, o fato de ela tornar mais efetiva a cobrança de tributos no Brasil. 'Houve uma reação violenta (àMP 232) e temos de enfrentá-la.' O único ponto em que aparentemente Bernardo destoa da área econômica é com relação à elevação do ajuste fiscal fixado em 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano.

Parte da equipe de Palocci já defende que esse porcentual suba, a exemplo do que ocorreu em 2004, quando a meta era de 4,25% do PIB, foi elevada para 4,5% do PIB e, diante do aumento de arrecadação, alcançou 4,61% do PIB, em dezembro. 'O governo está fazendo um superávit primário (que exclui os gastos com juros) que todos reconhecem como um esforço grande.

Como não vi ninguém falando sobre isso, não creio que o assunto esteja na pauta da área econômica', disse. Ele defendeu ainda que não há um aumento forte de gastos públicos no governo. 'De maneira geral, não está havendo gastança. É claro que melhorar a qualidade dos gastos é uma tarefa permanente que o governo tem de perseguir sempre.'