Título: Desafio de Jucá é cortar déficit de R$ 40 bilhões
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2005, Nacional, p. A8

BRASÍLIA-A Previdência Social quer reduzir o déficit estimado em cerca de R$ 40 bilhões este ano pela metade ao final de 2006. Pelo menos esse era o plano que o ex-ministro Amir Lando deixa pronto para o seu sucessor, Romero Jucá. Entre as principais metas do pacote chamado por Lando de 'choque de gestão' estão ganhos adicionais de receita da ordem de R$ 5 bilhões a cada período, que permitirão a elevação da arrecadação prevista para este ano de R$ 105,42 para R$ 110 bilhões, passando para R$ 120 bilhões a receita global do próximo ano. A ação desenhada por Lando é ambiciosa também na recuperação de crédito. A meta para 2005 é obter com o pagamento dos débitos em atraso das empresas R$ 7,3 bilhões, 66% a mais do que no ano passado. Para isso está previsto o monitoramento dos maiores contribuintes e dos maiores créditos a receber, além da inauguração de um sistema novo, de acompanhamento de obras na construção civil, para permitir a cobrança imediata dos recolhimentos devidos.

No diagnóstico divulgado por assessores logo após a solenidade de transmissão de cargo na Previdência Social estão os sistemas de informação deficientes, a legislação condescendente e a necessidade de tornar o cadastro da Previdência Social confiável. O plano estava pronto mas Amir Lando não pôde divulgar por falta de um sinal verde do Palácio do Planalto. Daí o seu desabafo na solenidade. 'Me perguntei muitas vezes se devia suportar esse longo holocausto', disse o ex-ministro no discurso, referindo-se ao período em que foi dado já como fora do governo.

Na saída, Lando fez questão de sublinhar os avanços obtidos e disse que o projeto que iria mudar a cara da Previdência Social estava pronto e que as medidas estavam ali para serem aprimoradas e realizadas pelo seu sucessor.

Estiveram na transmissão de cargo na Previdência Social quatro ministros (José Dirceu, Casa Civil; Eunício Oliveira, Comunicações; Luiz Dulci, Secretaria da Presidência; e Alfredo Nascimento, Transportes); políticos do PMDB, como Renan Calheiros, presidente do Senado, e José Sarney, além do líder do governo no Senado, Aloízio Mercadante.

Jucá disse que tem como prioridade melhorar o atendimento, ampliar a cobertura, combater a sonegação e a fraude e tornar a tecnologia mais segura, ágil e confiável.