Título: 68% condenam política de impostos do governo
Autor: Roldão Arruda
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/03/2005, Nacional, p. A12

No primeiro levantamento em que CNI/Ibope levanta essa questão, 54% reclamam que tributos aumentaram muito

A política de impostos do governo Lula teve o maior índice de reprovação entre todos os quesitos avaliados na pesquisa CNI/Ibope deste mês. No total, 68% dos entrevistados afirmaram que desaprovam a atuação do governo nesta área. Esta foi a primeira vez que a pesquisa decidiu avaliar a questão dos impostos, o que, de acordo com especialistas, contribuiu para piorar a avaliação do governo. Para 54% dos entrevistados, os impostos aumentaram muito nos últimos anos (a pesquisa não identifica o período exato); 21% acham que subiram pouco; para 10% não aumentaram nem diminuíram; e para 4% até diminuíram um pouco.

A população, de acordo com o levantamento, não vê uma relação direta entre aumento de impostos e melhoria nos serviços públicos. No conjunto dos entrevistados, 50% disseram não ter visto melhorias; 32% afirmaram que os serviços pioraram; 13% disseram que melhoraram; e 5% não deram opinião.

'Os números revelam que a população não encontra simetria entre a atual onerosidade e a prestação de serviços públicos', diz o texto de apresentação. 'Desse modo, a atuação do governo no campo tributário encontra-se sob forte desaprovação.'

POLÍTICA DE JUROS

O estudo também registrou alteração expressiva na avaliação da política de juros. Em novembro, o índice dos que criticavam essa política era de 6%. Hoje chega a 12%.

Segundo os autores da pesquisa, esta variação seria reflexo dos sucessivos anúncios de elevação da taxa Selic e o debate que eles provocam.

O texto de apresentação da pesquisa CNI/Ibope chama a atenção para o elevado grau de desinformação sobre impostos que existe no contingente da população de menor instrução. Enquanto nos grupos de nível médio e superior a desaprovação da política de impostos chega a 75%, no segmento de menor instrução baixa para 59%, enquanto 19% não sabem opinar.

Na estratificação regional, a desaprovação à política tributária do governo é maior na Região Sul do País (71%), nos grandes municípios (71%) e na periferia (76%).

PIORES NOTAS

Na qualificação geral do governo também foram observadas oscilações significativas entre diferentes regiões e municípios de porte diferente. As piores notas para o governo vieram da Região Nordeste, dos municípios menores, com até 20 mil eleitores, e da população mais velha - acima de 50 anos.

No sentido oposto, os saldos mais positivos foram registrados nos municípios de porte intermediário, entre 20 mil e 100 mil habitantes, e na periferia das capitais.

De maneira geral, a redução dos porcentuais de aprovação foi registrada em todos os segmentos investigados na pesquisa. A única exceção ocorreu na periferia das cidades. O crescimento da aprovação nestas áreas impediu uma queda maior nas avaliações sobre o presidente e seu governo.