Título: Empresas americanas planejam aumentar investimentos no País
Autor: Priscilla Murphy
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/02/2005, Economia e Negócios, p. B6

Levantamento mostra que as companhias estão motivadas pela perspectiva de crescimento da economia

Mais da metade das empresas americanas com negócios no Brasil pretende elevar seus investimentos em 2005, revela uma pesquisa do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos (Brazil-U.S. Business Council). O levantamento, feito com as 197 companhias que têm presença no Brasil do índice Fortune 500 - um ranking das maiores empresas americanas em termos de faturamento -, mostra que apenas 9% delas prevêem reduzir levemente o nível de investimento este ano, em comparação com 2004, e nenhuma planeja redução significativa. Entre as empresas americanas que pretendem elevar os investimentos este ano, 35% anunciam leve aumento e 21%, aumento significativo. As empresas americanas estão motivadas pela perspectiva de forte crescimento econômico, revela a pesquisa. Embora nenhuma delas preveja crescimento de mais de 5,5% para a economia brasileira este ano, a grande maioria, ou 68%, trabalha com a perspectiva de um aumento de 3,5% a 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2005. Cerca de um terço, ou 32% das empresas pesquisadas, espera crescimento entre 1,5% e 3,5%. Nenhuma delas espera um crescimento de menos de 1,5% ou contração da economia brasileira este ano.

Mesmo no médio prazo, ou nos próximos dois a três anos, a maioria das empresas americanas ainda prevê um crescimento robusto para a economia brasileira. Entre as entrevistadas, 58% prevêem expansão anual do PIB de mais de 3,5% no médio prazo e 42%, crescimento moderado.

Todos os empresários afirmaram planejar expandir os negócios este ano no Brasil e 39% prevêem expansão de mais de 5,5% este ano. A maioria espera que a inflação fique entre 5% e 7% e uma quantidade significativa das empresas, 30%, prevê taxa entre 7% e 9%. Apenas 3% espera aumentos de preços de mais de 11%.

AVALIAÇÕES

O Conselho Empresarial Brasil-EUA também pediu às empresas americanas que avaliassem as políticas previstas para discussão em Brasília este ano, de acordo com a perspectiva de impacto para os seus negócios no Brasil, numa escala de 1 a 6, sendo 1 o mais importante. A reforma tributária ficou a meio ponto da máxima importância possível, com 1,5, seguida pela reforma trabalhista, com nota 2,6. A regulamentação na área de infra-estrutura vem a seguir, com nota 2,7. Já a negociação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) ficou em quarto lugar, seguida de perto por reformas no sistema financeiro. A proteção da propriedade intelectual, pauta defendida pelos negociadores do governo americano em relação ao Brasil, ficou em último lugar, com nota de 4,7.

Ficaram empatados no primeiro lugar do ranking de maior empecilho para o crescimento dos negócios das empresas americanas no Brasil os impostos e o custo e a lentidão da burocracia, com notas de 2,3. As questões regulatórias ficaram em segundo na escala de dificuldades, com nota 2,6, seguida pelos custos trabalhistas e a rigidez da legislação, com 3,0. Os últimos obstáculos citados pelas empresas foram os desafios de infra-estrutura e o custo do capital, com notas 3,2 e 3,6, respectivamente.