Título: Novos ministros do PMDB podem ser anunciados hoje
Autor: Evandro FadelTânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2005, Nacional, p. A4

Lula se encontra com Renan e Sarney e deve deixar a definição sobre o PP de Severino para a semana que vem BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode começar a anunciar hoje, em doses homeopáticas, a tão aguardada reforma ministerial. Muito irritado com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), Lula planeja divulgar apenas a fatia que cabe ao PMDB na Esplanada dos Ministérios, deixando o PP para uma segunda etapa, na semana que vem. Foi com essa intenção que ele marcou uma reunião para hoje, às 9 horas, com o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o senador José Sarney (AP) e os líderes do PMDB. Se não mudar de idéia por causa de um problema de última hora, Lula pretende anunciar primeiro o novo ministro da Previdência, Romero Jucá (RR). Escalado para substituir o peemedebista Amir Lando, ele deverá anunciar um "choque de gestão" para o setor, que tem um rombo previsto para este ano de R$ 37,8 bilhões.

Apesar das fortes resistências do PT, tudo indica que a senadora Roseana Sarney (MA), licenciada do PFL e de malas prontas para o PMDB, ocupará a Coordenação Política, no lugar de Aldo Rebelo (PC do B-SP). O ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), conversou ontem à noite com Lula. Deve ir para a liderança do governo na Câmara.

Sem acordo com o PP, é provável que o PMDB continue comandando Comunicações, com Eunício Oliveira. Lula garantiu a interlocutores que não demitirá o petista Olívio Dutra (Cidades). O presidente também tenta preservar o ministro da Saúde, Humberto Costa (PT), depois da intervenção federal em hospitais do Rio. Mas a necessidade de coalizão com os partidos aliados - de olho no seu projeto de reeleição, em 2006 - pode obrigar a abertura de mais uma vaga na equipe.

"Essa intervenção foi muito importante para a população e para o Ministério da Saúde", afirmou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). "Lamentavelmente, o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), entrou numa linha de confronto político-eleitoral com o governo."

PROBLEMAS

Além de não querer demitir Costa nem Olívio, Lula enfrenta dificuldades em concluir a reforma por causa da briga entre o PMDB e o PP. Os peemedebistas não aceitam ceder Comunicações para o PP de Severino. Só concordariam com essa alternativa se ganhassem como compensação o Ministério das Cidades.

"Foi o Planalto que nos ofereceu Comunicações. Agora, não podemos aceitar que o PMDB dite onde devemos ficar", reagiu o líder do PP na Câmara, José Janene (PR). "Que eu saiba, o presidente do PMDB, Michel Temer, sempre votou contra o governo. Será que ele deixou de ser oposição?", perguntou o presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE).

De qualquer forma, a reforma ministerial deverá ser bem menor do que o imaginado. "Não é uma engenharia política fácil", admitiu Mercadante. Na noite de ontem, o porta-voz da Presidência, André Singer, disse que "não há data para anunciar a reforma".