Título: Aeronáutica atende emergência
Autor: Angela Lacerda
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2005, Nacional, p. A8

Pacientes acabaram indo para hospital de campanha no Rio RIO - Os animais do Campo de Santana, no centro do Rio, são os novos personagens da crise entre o município e o governo federal sobre a utilização do local para abrigar, temporariamente, um hospital de campanha da Marinha. Em nota, a Prefeitura diz que a área é tombada pelo patrimônio histórico-cultural e tem plantas e fauna própria, "micos, gansos, marrecos, cotias e pavões", que correriam "sério risco" com o uso do espaço pelas barracas de atendimento médico. No mesmo texto, sugere outros lugares para atender a demanda do Ministério da Saúde, que, por meio da Advocacia Geral da União, entrou com uma ação cautelar para impedir quaisquer dificuldades à requisição do local. "As cotias são mais importantes do que gente?", reagiu o coordenador do comitê gestor de intervenção, Sérgio Côrtes. "Passam milhares de pessoas pelo local. E estamos falando de uma institução como a Marinha, que, com certeza, respeitaria a fauna. Agora pensamos em salvar vidas". Côrtes ressaltou que a insistência na área tem um único motivo: o Campo de Santana fica ao lado do Hospital Souza Aguiar, a maior emergência da América Latina, que sofre com a superlotação. Aberto para fazer atendimentos clínicos e desafogar os Hospitais Lourenço Jorge e Cardoso Fontes - este sob intervenção federal -, o hospital de campanha da Aeronáutica atendeu emergências no primeiro dia de funcionamento. O motorista Ivisson José de Oliveira sofreu queimadura na perna esquerda ao cair de moto, procurou o Lourenço Jorge, mas foi orientado a ir ao hospital de campanha. Instalado no Clube da Aeronáutica, na Barra, o hospital tem enfermaria, centro cirúrgico, laboratório, raio X e ultra-som. Em 8 tendas, é feito o atendimento ambulatorial - clínica médica, ortopedia, ginecologia, pediatria e odontologia. Ao longo do dia foram 379 atendimentos. À noite, Côrtes reabriu um ambulatório da Policlínica Militar do Exército. A Santa Casa da Misericórdia formalizou um aditivo do contrato com o SUS, ampliando em 140 o número de leitos.