Título: 18 anos depois de desafiar o Exército, Bolsonaro recebe medalha militar
Autor: Tânia Monteiro João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2005, Nacional, p. A4

Dezoito anos depois de ter sido acusado pelo então ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves, de "indignidade para o oficialato" - sendo absolvido em 1988 pelo Superior Tribunal Militar (STM) -, o capitão da reserva e deputado Jair Bolsonaro (PFL-RJ) recebeu ontem do Exército a sua primeira medalha: a do mérito militar. Coube ao general Max Hoertel pôr a medalha no pescoço de Bolsonaro. Polêmico a ponto de defender o fechamento do Congresso, o fuzilamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de dizer numa sessão da Comissão de Constituição e Justiça, na semana passada, que não é possível acabar com o nepotismo, porque ninguém vai demitir a amante, Bolsonaro estava muito feliz ontem, ao receber a medalha. "É tempo de reconciliação", disse ele. "Essa é a primeira medalha que recebo de minha casa, o Exército. Já tinha uma da Aeronáutica, Arma para a qual fiz minha primeira prova para o serviço militar, mas fui reprovado", contou ele.

Bolsonaro sempre disse que sua vocação era o serviço militar. Mas foi obrigado a deixá-lo, depois que reportagem da revista Veja de 1986 o acusou de estar à frente de um comando que detonaria bombas nos quartéis para brigar por maiores salários. Naquela mesma época, Bolsonaro deu entrevistas para declarar que o salário dos militares era muito baixo. Acabou sendo preso disciplinarmente por 15 dias e, posteriormente, afastado. Respondeu a um inquérito interno e perdeu.

Mas Bolsonaro recorreu ao STM e foi absolvido. Parte dessas aventuras o deputado conta na sua página na internet, na Câmara.