Título: Avaliação do presidente cai 6 pontos
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2005, Nacional, p. A5

Presidente da CNT, Clésio Andrade, diz que queda é expressiva e pode refletir a percepção do eleitor sobre falta de resultados do governo A popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caiu 6 pontos porcentuais na nova rodada da pesquisa CNT/Sensus, divulgada ontem - desceu de 66,1%, em fevereiro, para 60,1%, enquanto a desaprovação subiu de 26,5% para 29%. O presidente da Confederação Nacional dos Transportes, Clésio Andrade, disse que a pesquisa detectou uma queda expressiva e essa variação "pode estar sendo provocada pela falta de resultados (do governo)". A pesquisa revelou outro número desconfortável para o governo: 59% dos pesquisados acham que parlamentares negociam apoio ao governo em troca de benefícios pessoais. Um dado a favor foi que 56,3% dos entrevistados consideraram positiva a não-renovação do acordo do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI), enquanto 24% acharam que ela foi negativa. A pesquisa foi realizada entre 12 e 14 de abril, em 195 municípios de 24 Estados, com 2 mil entrevistas e margem de erro de mais ou menos 3 pontos porcentuais.

QUEDA

A pesquisa CNT/Sensus mostra que a avaliação do desempenho pessoal do presidente retomou a tendência de queda que começou em abril de 2003 e tinha sido revertida em fins de 2004. Dos 83,6% da pesquisa inaugural, em janeiro de 2003, a queda de popularidade chegou a bater em um índice de 54,1%, em junho do ano passado. Aí começou a reversão de Lula, que atingiu 65,4% em dezembro de 2004 e 66,1% em fevereiro passado. Agora, veio uma nova queda.

A desaprovação pessoal a Lula, que já foi de 37,6%, em junho de 2004, voltou a subir, indo de 26,5%, em fevereiro de 2005, para 29%. Não é ainda uma rejeição preocupante, mas vale lembrar que esse índice era de apenas 6,8% logo depois da posse. A avaliação negativa, que era de 13,9% em fevereiro de 2005, subiu agora para 16%.

Outra queda, menos expressiva, se registrou na avaliação positiva do desempenho do governo Lula, que caiu de 42,6%, em fevereiro de 2005, para 41,9%. A avaliação negativa, que era de ínfimos 2,3% no começo do mandato de Lula, subiu agora de 13,9%, em fevereiro de 2005, para 16%.

O detalhamento da avaliação na pesquisa mostra que 9,6% do eleitorado acha que o governo é "ótimo" (alta de 0,4% em relação a fevereiro), 32,3% julga que é "bom" (queda de 1,1%), 39,8% reputam como "regular" (menos 0,1%), 6,8% considera que é "ruim" (aumento de 1%) e 9,2% opta pelo "péssimo" (1,1% a mais).

TROCA DE FAVORES

O brasileiro avalia que está havendo troca de favores na política: 59% acham que parlamentares negociam apoio ao governo em troca de benefícios pessoais. Na troca de apoio político por cargos, o eleitorado não vê tanto mal e se divide quase ao meio: 39,1% acham que o apoio de partidos ao governo deve ter a recíproca da ocupação de cargos, enquanto 36,5% discordam da reciprocidade.

Os discursos de Lula não têm passado despercebidos: 55,9% dos eleitores acham que o presidente comete erros e inadequações em seus discursos, enquanto 24,3% acham que ele não os comete. Mas, mesmo assim, 53,2% gostam dos pronunciamentos, enquanto 31,9% não gostam. Quanto à forma do discurso, o público se divide mais uma vez: 38,6% acham que ele deveria falar sempre de improviso, enquanto uma escassa maioria, 39,7%, entende que ele deveria ler discursos previamente escritos.