Título: Sindicalistas pressionam Jucá por auxílio-doença
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2005, Nacional, p. A6

Em encontro com a CUT e a Força, ministro deu sinais de que pode rever MP 242 Em meio à sucessão de denúncias que o põem no centro de supostas irregularidades no trato com recursos públicos, o ministro da Previdência, Romero Jucá, reuniu-se ontem em São Paulo com a cúpula das mais influentes centrais sindicais do País - a CUT e a Força - e suportou, durante 2 horas, ataques à estrutura da pasta que dirige, cobranças para que ponha fim na corrupção e nas fraudes na Previdência, além de apelos para que altere a Medida Provisória 242. A MP 242 muda regras para concessão de benefícios aos trabalhadores, como os auxílios doença e acidente, a aposentadoria por invalidez e o salário maternidade. Cauteloso, fragilizado pelas investigações da Procuradoria da República e da Polícia Federal e disposto a não abrir frente de atrito com as centrais, Jucá anunciou: "A colaboração da CUT e da Força é fundamental para melhorar o procedimento da Previdência e a MP. Já marquei reunião com o líder do governo na Câmara e com os líderes da base para fazer modificações e corrigir eventuais falhas e injustiças".

Jucá sinalizou que o governo poderá retirar mudanças referentes aos auxílios acidente e doença e ao salário maternidade. "Eu disse ao ministro que é melhor chegar a um entendimento na semana que vem, sob pena de no 1.º de Maio a gente falar muito mal do governo", ameaçou Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força.

No Dia do Trabalho, a Força planeja reunir 5 milhões de trabalhadores nas ruas. O ato pode se transformar em um grande protesto, alertou Paulinho. "A semana que vem é véspera do 1.º de Maio. Vamos falar dos problemas do Brasil e hoje o grande problema passou a ser a MP 242. Caso ela não seja corrigida, não temos como não falar contra essa medida."

Um pouco antes do encontro com Jucá, que ocorreu na sede da CUT e do qual participaram cerca de 20 dirigentes sindicais, Paulinho enfatizou: "O Ministério da Previdência tinha que ser tratado como prioridade pelo governo, não pode ficar no jogo político. Quando fica, dá todo esse tipo de coisa, entra corrupto, sai corrupto, tem confusão nesse ministério".

Sobre o apoio do presidente Lula ao ministro, Paulinho observou: "Se o Lula diz que não pode tirar o ministro, não sou eu quem vai ficar aqui dizendo que tem que tirar. Essa é uma questão que o presidente tem que resolver, mas são acusações graves que precisam ser investigadas".

"Discutimos a 242, mas aproveitamos para falar sobre outros assuntos relativos à gestão da Previdência, o problema das filas, das fraudes, dos buracos, dos benefícios duplicados, das pessoas que morreram e continuam recebendo", confirmou Luiz Marinho, presidente da CUT.

Jucá afirmou que Lula o tem apoiado "em todos os momentos". Disse que não acha contradição ter pedido à Procuradoria da República arquivamento do procedimento sobre sua conduta, enquanto publicamente diz cobrar investigações do Ministério Público e da Polícia Federal.

"Estou tranqüilo, confio no Ministério Público, estou continuando minha vida de ministro."